Dizem que José Serra revelará nos próximos dias aquilo que até seus poucos fios de cabelo sabiam há pelo menos dois anos
Dizem que José Serra revelará nos próximos dias aquilo que até seus poucos fios de cabelo sabiam há pelo menos dois anos: que é candidato à Presidência da República. Dizem que Ciro Gomes está descobrindo, nesses últimos dias, que o presidente Lula não o quer como candidato à Presidência. E, sem Lula, não dá. De qualquer forma, com ou sem Ciro, o quadro está montado: é Dilma x Serra, PT x PSDB, com Marina Silva e outros candidatos menores na disputa.
Mas campanha, que é bom e custa caro, é coisa que ainda demora: vem aí a Copa do Mundo, que monopolizará os debates até o início do segundo semestre. O tema é a Seleção, é Dunga, é quem entra na última convocação. Adriano vai? E Ronaldinho Gaúcho? O goleiro reserva é Doni ou Vítor? Terminada a Copa, só então, a partir de julho (e até outubro) teremos a campanha eleitoral.
Será curta, mas pesada: exércitos de militantes (ou, como podem ser chamados, patrulheiros) dos principais candidatos estão a postos, prontos para atacar os adversários. Com a entrada da internet no circuito eleitoral, a agressividade não tem limites. Há a agressividade natural de pessoas pouco educadas, ou excessivamente entusiasmadas; e já está havendo, é visível, a agressividade encomendada. É o serviço sujo, aqueles ataques baixos que os candidatos evitam fazer para não ficar mal com o eleitor, e que ignoram limites entre o público e o privado.
Vale tudo - desde culpar Dilma por atentados de que não participou até dizer que Serra não gosta de pobres. Ele gosta de todo mundo, desde que vote nele.
BRASIL E ISRAEL
Qual o resultado da visita do presidente Lula a Israel?
1 - Do ponto de vista concreto, ótimo: foi firmado o primeiro acordo de cooperação econômica entre Israel e um país do Mercosul.
2 - Do ponto de vista simbólico, ruim: ao se recusar a visitar o túmulo de Theodor Herzl, o escritor austríaco que há 115 anos publicou o livro O Estado Judeu, com as bases do sionismo moderno, Lula criou uma polêmica absolutamente inútil. É como se fosse à Índia e se recusasse a visitar o túmulo de Gandhi.
3 - Do ponto de vista de participação nas negociações de paz, risível. Seria a primeira vez que isso daria certo desde o filme O rato que ruge, de 1959.
BRASIL CONTRA 000
A represália do chanceler israelense Avigdor Lieberman, de não comparecer à sessão do Parlamento israelense em que Lula discursou, não deve ser levada a sério. Lieberman é uma espécie de Marco Aurélio Garcia com sinal trocado, um líder sem liderados, que chegou ao governo por acaso e que, quando sair, dificilmente conseguirá voltar. Sua plataforma lembra um pouco a do francês Le Pen, que chegou a assustar num determinado momento mas perdeu a importância.
PIZZA MAL ASSADA
Parte da oposição quer criar uma CPI para investigar o tesoureiro do PT, João Vaccari, acusado de irregularidades na direção da Bancoop e de participar do Mensalão. Bobagem: dentro de alguns dias o Congresso vai parar por causa da Semana Santa, a Copa, o recesso, as eleições. Não dá nem para assar a pizza. E se houvesse tempo não faria diferença: com a oposição que lá está, nem a CPI da Petrobras, que tinha tudo para ser explosiva, funcionou. Foi morninha, morninha.
OS LIMITES DA TOLERÂNCIA
O caso Vágner Love não pode se esgotar nos limites de uma reportagem da TV. O centroavante do Flamengo foi filmado num baile, em companhia de traficantes armados. Imagina-se que não consuma drogas, ou acabaria sendo flagrado num exame antidoping, mas sua presença ao lado de traficantes é inaceitável. Ele é bom jogador, encaixou-se bem no time, sua vida particular só pertence a ele. Mas conviver com o crime violento é outra coisa.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.