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A propaganda que passou do ponto

Junte-se um grupo de jovens adultos, escolhidos basicamente por critério estético

Carlos Brickmann
18/01/2012 | 00:00
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Junte-se um grupo de jovens adultos, escolhidos basicamente por critério estético. Homens e mulheres, todos com pouca roupa, são trancados juntos numa casa em que vão conviver 24 horas por dia durante alguns meses. O comando do programa incentiva a aproximação dos casais, com comentários maliciosos, de franca aprovação, e promove festas para aproximá-los ainda mais. A bebida alcoólica corre solta, sem limites, sempre gratuita e farta, supondo-se implicitamente, sempre, que corpo de bêbado não tem dono. E alguém estranha que ocorram atos sexuais completos ou incompletos, consentidos ou não?

Essa história do BBB, convenhamos, está muito esquisita. A moça estava desacordada de tanto beber ou não? As declarações que fez variam: ora se lembra (palavras textuais) de "aquilo na mão, mão naquilo", ora diz que se deitou de shortinho e acordou sem ele, ora diz que não lembra se tinha ou não tirado o shortinho antes de se deitar. O apresentador primeiro disse frases como "o amor é lindo" e depois anunciou que o rapaz envolvido estava afastado do programa. Se o amor é lindo, por que afastaram do programa um dos amorosos?

Há dois outros fatores a ser considerados. O BBB vem perdendo audiência e um escandalozinho é sempre bem recebido. Mas, às vezes, a propaganda passa do ponto e prejudica o produto. O segundo fator é uma força nova, a da internet. Certos truques desagradam internautas e se transformam em alvo de redes sociais.
Aí, sem referência ao escândalo do programa, sai de baixo.


E, POR FALAR...
Nota publicada no dia 18, na prestigiada Coluna Cláudio Humberto, em www.claudiohumberto.com.br: "A estatal Empresa Brasil de Comunicação (EBC) gastou R$ 94.957,65 em passagens e diárias para reunir em Brasília 62 funcionários de três Estados, neste fim de semana, para planejar ‘o próximo decênio'.
O ex-ministro Nelson Jobim tinha razão: "Os idiotas perderam a modéstia". E, acrescentemos: antes já tinham perdido também a vergonha.

...EM ESCÂNDALOS
Não se queixe: quem mandou trabalhar, produzir, gerar riqueza?
1 - O cerimonial do Itamaraty empenhou R$ 100 mil para despesas com serviços de bufê em dezembro e janeiro. As flores, pagas à parte, custam R$ 28,6 mil.
2 - A Câmara dos Deputados prevê gastos de R$ 38,4 milhões na recuperação de áreas comuns de três prédios utilizados para a moradia de suas excelências.
3 - E, nos momentos em que as excelências estão em Brasília, mas não em seus excelentíssimos imóveis, que é que fazem? Uma boquinha: o fornecimento de chá está custando R$ 14,4 mil, fora salgadinhos e petit-fours.

TEMPO PARA PENSAR
A Justiça de São José dos Campos suspendeu o despejo do Pinheirinho, ocupado desde 2004 por 1.600 famílias que se dispunham a resistir à polícia. O terreno, de 1,3 milhão de m², pertence à Selecta, do empresário Nagi Nahas, e estava cercado por 1.800 policiais militares.
Os líderes da invasão pedem que o governo federal desaproprie as terras, o estadual cuide da infraestrutura e a prefeitura supervisione a regularização da área.

A HORA DO VAIDDAD
O governo prepara a comemoração para marcar a saída de Fernando Haddad do Ministério da Educação (deve ser candidato do PT à prefeitura paulistana): uma festa na qual dirão que o ProUni já concedeu 1 milhão de bolsas de estudos.
Fernando Haddad sai, e já que o Governo festeja a gente festeja junto. Mas nem tudo é perfeito: quem fica no cargo é Aloízio Mercadante, o senador que revogou a irrevogabilidade, o ministro que anunciou um investimento chinês de US$ 12 bilhões para produzir iPads no Brasil até o Natal do ano passado. O Natal já passou, ninguém produziu iPad nenhum, o investimento não seria de US$ 12 bilhões e quem o faria não seriam os chineses, mas o bondoso BNDES.




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