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Chile nao se livrou do passado autoritário, diz estudo
Por Do Diário do Grande ABC
03/05/1999 | 10:00
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O Chile nao foi capaz de libertar-se de seu recente passado autoritário, segundo o informe anual do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS) publicado esta segunda-feira em Londres.

"O ex-ditador militar Augusto Pinochet trocou seu uniforme por uma cadeira vitalícia no Senado, segundo as normas estabelecidas na Constituiçao de 1980 aprovada sob sua autoridade", afirma o documento, destacando o reaparecimento na política latino-americana dos ex-militares, "que deixaram de lado seus uniformes, mas nao suas inclinaçoes autoritárias".

Sua detençao em Londres, depois de um pedido de extradiçao de um juiz espanhol que o acusou de crimes de lesa humanidade, mudou os planos de Pinochet, que havia assumido que "supervisionaria pessoalmente a manutençao da estrutura institucional que ele havia criado, de sua posiçao no Congresso", acrescenta o informe.

"Os velhos conflitos e rompimentos da política chilena" voltaram à superfície na nova situaçao e "os dois principais partidos da coalizao de governo, o Democrata cristao e o Socialista, se viram em confronto, um denunciando a detençao e pedido de extradiçao e o outro apoiando através do candidato Ricardo Lagos", assinala o informe.

"O incidente pode romper a coalizao de governo, obrigando à apresentaçao de duas candidaturas, a do socialista Lagos contra o democristao Andrés Zaldívar, reeditando a situaçao apresentada em 1970 com a eleiçao de Salvador Allende", cujo governo foi truncado pelo golpe de Estado liderado por Pinochet em 1973, acrescenta o documento. "Os socialistas de hoje, contudo, têm pouco em comum com o partido de Allende. Agora é um partido de centro-esquerda o sócio minoritário na coalizao de governo desde a volta da democracia em 1989", afirma o informe do instituto londrino.

No que se refere a Pinochet, assinala que "se fosse julgado na Espanha, seria estabelecido um formidável precedente, de que inclusive as anistias nacionais nao podem desconhecer ou bloquear a lei internacional".




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