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Excesso de crédito pode gerar crise dentro da crise
Por Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
02/06/2009 | 07:00
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A oferta de crédito em excesso pode gerar uma crise dentro da crise financeira internacional, ou seja, uma bolha de crescimento, afirmou Paulo Rabello de Castro, presidente do Conselho de Planejamento Estratégico da Fecomercio (Federação do Comércio do Estado de São Paulo) durante o seminário "Crise Global: repercussão sobre a economia brasileira e perspectivas para o segundo semestre".

O especialista referiu-se principalmente à expansão chinesa. "Durante o primeiro quadrimestre deste ano a China já concedeu mais crédito do que em todo o ano passado. Já foram U$S 700", ressaltou.

Na avaliação de Castro, o financiamento, se ingerido com moderação causa alegria, mas em excesso faz mal. "No início eleva a demanda, o otimismo, o conforto, valoriza os ativos. O crédito aparece vestido de várias faces na China: direto ao consumidor, rolagem de crédito anterior para renová-lo, subsídio ao produtor".

E onde o Brasil entra nisso? Hoje, a China é o maior destino de exportações brasileiras, principalmente no que diz respeito a commodities - setor que não foi abalado pela crise - principalmente soja e minérios. O risco encontra-se em, de uma hora para outra, essas compras tornarem-se insustentadas. Aos empresários nacionais, Castro recomendou acompanhar esse movimento ascendente com desconfiança.

Para o ex-ministro das comunicações e ex-presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luiz Carlos Mendonça de Barros, no entanto, o Brasil conseguiu preservar a demanda interna e por isso não será tão afetado. "Além disso, a necessidade chinesa contribuiu bastante. O lado positivo é que, com o crescimento da exportação de commodities para a China, o País conseguiu fortalecer as contas externas e estabilizar o câmbio".

Atualmente o Real é uma das poucas moedas que estão valorizadas frente ao dólar. Ontem, a moeda americana encerrou o pregão aos R$ 1,95.

Na opinião de Barros, hoje presidente da Quest Investimentos, a crise fará com que o setor industrial tenha capacidade ociosa, já que um pedaço do consumo americano, 10% de seu PIB (soma das riquezas de um país), sumiu na demanda. "A conseqüência é a estagnação de fábricas no mundo todo", salientou. Isso remete a um raciocínio feito pelo presidente do conselho da Fecomercio no ano passado. "Este ano está começando a parecer um bis de 2008. Em junho, eu já alertava para um possível estouro dos mercados, inclusive da Bolsa de Valores, seguindo a especulação externa", profetizou.




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