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Deputado defende cassação de colegas do PT
Por Artur Rodrigues
Do Diário do Grande ABC
18/07/2005 | 08:37
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O deputado federal José Eduardo Cardozo, membro da CPI dos Correios, defende cassação e até prisão para petistas que possam estar envolvidos com corrupção. A posição foi manifestada sábado em uma plenária realizada no escritório do vereador Tião Mateus (PT), em São Bernardo.

Leia abaixo trechos da entrevista concedida ao Diário:

Correios
"É evidente que existe um esquema de corrupção nos correios. A cada depoimento a coisa piora. Um dos contratos anunciados pelo Roberto Jefferson com uma empresa chamada Sky Master é assustador. No período do Fernando Henrique, essa empresa recebeu a mais R$ 37 milhões. E depois, já no Governo Lula, mais R$ 7 milhões. O esquema dos Correios parece que não é coisa de mero PTB. Para onde foi esse dinheiro? É isso que a gente precisa descobrir."

Erros
"Não há dúvida que há alguns erros do partido nessa história. Se houve esse empréstimo do Valério, pelo fato de ele ter contrato com o governo, nós não poderíamos ter qualquer tipo de ligação com ele. Não dá para afirmar ainda a culpa de A, B ou C. Mas, quando a gente chega ao poder, é impossível que ninguém se aproveite disso. O que o PT precisa fazer é ser diferente e punir qualquer petista que possa estar envolvido nesses casos."

Marcos Valério
"O que já está claro é que ele tinha uma movimentação financeira assustadora. Tem muito saque no tal do Banco Rural em que ele tirou R$ 100 mil, R$ 150 mil em dinheiro. Para que tirar esse valor em dinheiro? Quando alguém vai sacar em dinheiro é estranho. Isso é para encobrir alguma maracutaia. Se é mensalão, dinheiro de campanha, nós não sabemos ainda."

Pizza
"Pode acontecer de que alas do Governo e oposição achem que é melhor parar por aí, com as denúncias de que outros partidos também possam estar envolvidos com o Marcos Valério. Agora, nós não podemos permitir. Se tentarem abafar a investigação, porque isso atinge outras forças políticas, nós temos de ir em frente. Esse é o nosso dever ético. Eu acredito que a sociedade brasileira não nos perdoará se a CPI acabar em pizza."

Cabeças do partido
"Se houver provas do envolvimento, nós teremos de amputar alguns dos nossos membros. Não há amputação que não doa, mas a amputação salva a vida. Se você coloca um dedo na cara de um cidadão e diz: ‘Você é corrupto’, tem de colocar dois na cara de um petista que possa estar envolvido com um escândalo."

Palanque eleitoral
"Toda vez que você dá uma dimensão política e eleitoral prejudica a CPI. O que precisamos, embora sabendo que a CPI é um órgão político, é evitar ao máximo a disputa, a política eleitoral."

Legislação contra corrupção
"Nossos problemas não são as leis. São as práticas. Enquanto não atacarmos diretamente essa cultura do ‘rouba mas faz’ do nosso sistema eleitoral, defendendo formas diferentes de financiamento de campanha, como o financiamento público de campanha, nada será resolvido. Sem reforma política não atingiremos a causa de tudo isso."

Renúncias
"Do ponto de vista político, impossível evitar que deputados renunciem para não ser cassados. Entre o período que se divulga o relatório de uma CPI e acabamento de uma denúncia no conselho de ética, nós temos um lapso que o parlamentar pode renunciar. Cabe a nós, agentes políticos, mostrar à população que um político que renuncia a um mandato para escapar de a uma cassação não tem direito, nem legitimidade de, em nome do povo, voltar a exercer um mandato."

CPIs
"Eu sou um defensor das comissões parlamentares de inquérito, em situações de corrupção grave. Na verdade, a CPI, se bem alicerçada e articulada com uma investigação policial, com apoio do Ministério Público, ela mobiliza a opinião pública. E, muitas vezes, é a própria transparência da CPI que faz com que as provas apareçam."

Desgaste da Câmara
"Não tenho a menor dúvida que a democracia tem de sair ilesa. A democracia que permitiu que parlamentares possam eventualmente estar envolvidos em escândalos. É fundamental que separemos a Câmara dos Deputados, o Senado Federal daqueles que indevidamente exerceram seus mandatos."




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