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Vínculos do rei cambojano com Khmers afetam seu prestígio
Do Diário do Grande ABC
08/01/1999 | 10:50
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Funcionários do palácio defenderam nesta sexta o rei do Camboja, Norodom Sihanuk, criticado por suas antigas relaçoes com o Khmer Vermelho e em plena campanha para que dois ex-dirigentes do regime de Pol Pot sejam processados pela morte de cerca de dois milhoes de pessoas.

Muitas fontes assinalam que o rei Sihanuk, 76 anos, foi o chefe de Estado de Pol Pot durante um breve período e questionam sua atitude.

O biógrafo oficial do monarca indicou que o rei Sihanuk foi obrigado pelas pressoes internacionais a aliar-se aos Khmers Vermelhos depois que o Vietna derrubou esse regime sanguinário em 1979.

``Os Estados Unidos, China e a ASEAN (...) disseram à Sua Majestade, o rei, que a menos que ele se unisse ao Khmer Vermelho, os guerrilheiros sihanukistas na fronteira tailandesa-cambojana seriam eliminados', afirma um comunicado do biógrafo real, Julio Jeldres, que também é ministro honorário.

Na quinta-feira passada, o soberano publicou um comunicado destacando o número de parentes que perdeu durante o regime maoísta, que matou cerca de dois milhoes de pessoas mediante torturas, execuçoes, trabalhos forçados e fome. Esse texto diz que o rei perdeu cinco filhos, 14 netos, quatro primos, um cunhado e um tio.

Na semana passada o rei - que está muito doente e recebe tratamento médico em Pequim - declarou que estava disposto a enfrentar um tribunal internacional e que se apresentaria mesmo que nao fosse intimado.

O rei Sihanuk acrescentou que apoiava a criaçao de um tribunal internacional para processar os líderes sobreviventes deste regime brutal, afirmando que uma corte instaurada por outros países ``tinha todo o direito de julgar os lugar-tenentes de Pol Pot'.

Depois da adesao às atuais autoridades do principal ideólogo do Khmer Vermelho, Nuon Shea, e do dirigente rebelde Khieu Samphan, em 25 de dezembro pasado, o rei negou-se a apoiar uma anistia governamental de fato. Atualmente, os dois líderes maoístas estao vivendo na cidade de Pailin, com autorizaçao governamental.

O soberano referiu-se à ``vontade do povo cambojano' para negar seu apoio à anistia, o que representou um golpe na política governamental de aceitar essas deserçoes como parte do fim da guerra civil e dentro de um espírito de ``reconciliaçao nacional'.

Apesar de suas últimas iniciativas para se distanciar do grupo e de apoiar os pedidos internacionais de um julgamento, o passado do rei Sihanuk está manchado por suas estreitas relaçoes com os rebeldes.

O monarca apoiou Khmer Vermelho antes deste tomar o poder, em 1975, pedindo a todo país que ajudasse os rebeldes.

O rei Sihanuk foi chefe de Estado do regime Khmer Vermelho até 1976, quando renunciou e foi colocado sob prisao domiciliar até sua queda, em 1979.

No entanto, apoiou os polpotistas a nível militar e diplomático frente à invasao e ocupaçao vietnamita do país, que se prolongou até 1989.




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