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Grupo acampa e faz greve de fome à espera de Lula
Juliana de Sordi Gattone
Do Diário do Grande ABC
20/12/2005 | 08:28
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Sete integrantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) iniciaram segunda-feira uma greve de fome em frente ao apartamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em São Bernardo. Segundo a organização, o protesto vai durar até ser recebido por Lula ou que os governos federal, estadual e a Prefeitura de Taboão da Serra cheguem a um acordo para desapropriar a área de 80 mil m² no Jardim Helena, onde há três meses está o assentamento Chico Mendes.

“Houve esgotamento de negociação via Ministério das Cidades”, disse um dos organizadores, Guilherme Boulos. “Foram dois meses de reuniões, onde o governo federal chegou a sinalizar positivamente. Depois, recuaram”, explicou. Com cerca de 800 famílias – estima-se que já estiveram lá cerca de 2.300 famílias –, o assentamento tem de ser desfeito até quarta-feira, quando a Polícia Militar fará a reintegração de posse, decidida pela Justiça há duas semanas. “Queremos sensibilizar o presidente a não deixar essas famílias desamparadas em pleno Natal”, afirmou Boulos, ressaltando que a greve não é contra o governo, mas sim um apelo por melhores condições.

Em meio aos preparativos para o protesto – foram instaladas barracas e cobertura plástica para proteger os grevistas da chuva –, Fátima do Carmo, integrante da Secretaria Geral da Presidência, chegou ao local. Questionada sobre o motivo da ida às pressas a São Bernardo, a funcionária do governo federal disse que nada tinha sido decidido e que estava ali apenas para tomar conhecimento dos fatos. “O governo Lula é democrático, abre interlocução com todos os movimentos”, analisou.

A previsão é que o presidente Lula passe o Natal em São Bernardo, chegando em São Paulo na sexta-feira. “Nós viemos para cá porque o local traz impacto maior por envolver a esfera federal”, disse Boulos.

Grevistas – “MTST é luta para valer”, “criar, poder popular” e “pátria livre venceremos” foram as palavras de ordem em apoio aos grevistas, que chegaram a São Bernardo por volta das 14h, aplaudidos por cerca de 50 integrantes do MTST. Sem revelar os nomes, os sete que farão greve de fome até serem recebidos por Lula  têm entre 19 e 40 anos e se identificaram apenas como Chico, em referência ao nome do acampamento. “Esperamos que haja sensibilização, porque só decidimos chegar ao extremo da greve de fome após a realização de 14 manifestações pacíficas”, disse Chico Marcos, 26 anos.

Os manifestantes leram em voz alta o documento “Natal com fome, por moradia”, onde são reivindicadas uma reunião com as três esferas do poder (União, Estado e Prefeitura), com pessoas que “possam efetivamente resolver o problema” e a desapropriação da área com a construção de moradias para as 800 famílias. “Só sairemos daqui com os objetivos consolidados”, disse um dos grevistas admitindo a gravidade do protesto. N




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