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Olhar Off-Bela Vista

Completando 20 anos de carreira, Kleber di Lázzare, de Mauá,
é escolhido para dirigir versão do musical 'Godspell', na Capital

Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
04/06/2012 | 07:00
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Completando 20 anos de carreira no teatro, Kleber di Lázzare galga mais um degrau em sua trajetória. Ele foi escolhido para dirigir a terceira montagem profissional de "Godspell" no Brasil. A produção estreia dia 3 de agosto, no Teatro Commune.

Selecionado entre vários diretores, o artista, que vive em Mauá e dirige a são-caetanense Cia Grite, venceu pela proposta de renovar o olhar para o musical que já está há quarenta anos na estrada.
"Por mais que os direitos do espetáculo tenham sido adquiridos, não há compromisso em reproduzir nada, em seguir padrão. A ideia é fazer um novo espetáculo, traduzir como a pós-modernidade dialoga com essa obra", conta Lázzare.

A peça, inspirada em parábolas do Evangelho, principalmente de Mateus, busca, através do encontro de várias pessoas com Jesus Cristo e João Batista em suas versões pós-modernas, promover o resgate de valores perdidos com o tempo.

"Promove a reflexão de como estamos cada vez mais afastados como sociedade, as pessoas nem se olham nos olhos. Esse ambiente urbano e árido, na montagem, aos poucos vai ganhando elementos simbólicos, românticos. Um floreio barroco, estaticamente, traz o despertar dos novos valores que esses personagens buscam."

As mudanças podem ser vistas em elementos como o figurino, que no início da montagem será composto por muito couro e metal e logo dará lugar à peças coloridas, de tecidos mais leves, de fabricação mais artesanal. 
"O processo das vivências das parábolas por meio da música e do teatro, até de mamulengos, não é contado de forma maniqueísta, não tem fundo religioso, É a busca de atingir preceitos humanistas", completa o diretor.
Inicialmente orçada em R$ 500 mil, a peça, produzida por Evandro Martins Fontes e Janaina Lince, ainda está em fase de captação de recursos. Ficará em cartaz de agosto até outubro, mas há a intenção de prorrogar a temporada até o fim do ano.

Lázzare, que está desde o começo do mês passado imerso na produção, analisou mais de 1.000 currículos de artistas interessados em participar. Desses, sobraram 27, que foram para workshop concorrer as 12 vagas. "Temos pessoas de bastante experiência em musicais como Anna Toledo e Mariana Elisabetsky e também gente como o Davi Tápias, que faz três meses que chegou do Espírito Santo para tentar a vida no teatro."
Dois diretores musicais, de vertentes bem diferentes, participam da montagem: Valdi Afonjah e Gilvan Gomes. Lázzare aproveita o ensejo humanista do enredo para traçar um outro olhar para o mundo dos musicais. "A proposta é de inquietação, desafio intelectual e encontrar um caminho que não seja o que a gente conhece como óbvio. É possível ser criativo e trazer coisas novas dentro da linguagem. Precisamos dar atenção à nossa criatividade, não podemos estacionar só como plateia dos grandes musicais. O elenco até estranhou essa proposta mais humanista", conta o mauaense, que brinca, fazendo menção à Off-Broadway, que a proposta é algo como Off-Bela Vista.




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