Após anunciar a redução da jornada de trabalho para 34 horas semanais no próximo mês, a Volkswagen do Brasil cogita também decretar férias coletivas a partir do dia 28 de agosto na planta Anchieta, em São Bernardo. A intenção da montadora é reduzir a produção por conta da queda de vendas, principalmente do modelo Gol. A informação foi divulgada quinta-feira pelo vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (filiado à CUT), Francisco Duarte de Lima, o Alemão.

Segundo o sindicalista, que coletou as informações na Diretoria de Recursos Humanos da montadora quinta-feira, o Sindicato aguarda apenas a empresa protocolar documento na entidade de representação dos trabalhadores. Alemão conta que a Volks discute atualmente a necessidade de férias coletivas com base em “queda de vendas”. A redução da jornada e as possíveis férias coletivas integram um “novo programa de produção”.

Alemão, embora já divulgue o iminente anúncio de férias coletivas na planta Anchieta, ainda não tem a informação de quantos trabalhadores serão dispensados nem sabe quanto dias os empregados ficarão em casa para aliviar a produção.

Os itens serão definidos entre o Departamento de Recursos Humanos e a manufatura da montadora, segundo Alemão. Hoje, conta o sindicalista, a planta Anchieta produz 500 Gols por dia. Outra parte da produção fica por conta da unidade de Taubaté.

A Volkswagen não confirma as informações divulgadas pelo sindicalistas, mas a Diretoria de Assuntos Institucionais disse que espera resolução da empresa até hoje sobre as férias coletivas – assunto ainda em processo de negociação.

O “novo programa de produção”, adianta o representante dos metalúrgicos, não tem relação com o plano de reestruturação da Volks, que prevê, entre outras medidas, demissões na ordem de 4 a 6 mil empregados. Até quinta-feira, Sindicato e Volks não haviam retomado as negociações na unidade Anchieta.

Embora a Volks baseie-se na queda das vendas, o vice-presidente do Sindicato questiona o argumento da empresa. “Pelos dados divulgados por entidades como Anfavea e Fenabrave, as vendas estão em alta neste ano”, rebate Alemão. Dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) mostram que em junho as vendas de automóveis leves registraram retração de mais de 10%, mas houve crescimento de 8,23% no acumulado do ano.