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Guerrilha colombiana entrega armas nesta terça-feira
Da EFE
25/11/2003 | 10:19
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Cerca de 800 membros de esquadrões paramilitares do departamento de Antioquia, na Colômbia, entregam suas armas nesta terça-feira, num primeiro passo do processo de paz entre o governo e o grupo Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC).

Os combatentes do Bloco Cacique Nutibara (BCN) das AUC regressarão à vida civil em um ato em Medellín (capital de Antioquia), que servirá de experimento para o futuro da organização armada criada há 22 anos, que tem pelo menos 12 mil integrantes.

O alto comissário presidencial para a Paz, Luis Carlos Restrepo; o prefeito de Medellín, Luis Pérez Gutiérrez; e o líder do BCN, "Comandante R", encabeçarão o ato no palácio de exposições da cidade, cujos bairros marginais chegaram a ser controlados pelos paramilitares.

Durante o ato simbólico se guardará um minuto de silêncio em memória das vítimas do conflito armado e se difundirá um vídeo com uma mensagem do chefe político das AUC, Carlos Castaño, que fundou este grupo junto a seu falecido irmão, Fidel, para combater as guerrilhas esquerdistas.

Os Castaño, apoiados por fazendeiros, criaram as autodefesas camponesas depois que guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) assassinaram seu pai, Jesús Castaño.

As AUC, acusadas das mais graves violações dos direitos humanos, massacres de camponeses, crimes seletivos de sindicalistas e defensores dos direitos, anunciaram uma trégua unilateral em dezembro de 2002 na busca de um processo de paz com o Governo do presidente Álvaro Uribe.

Como parte do processo, em julho passado as partes pactuaram a entrega do BCN, uma frente que opera nos distritos marginais das montanhas que rodeiam Medellín, onde impõe seus próprios códigos de conduta e controla o tráfico de drogas e de armas, assim como os movimentos da população.

Os cerca de 800 fuzis que serão entregues pelos "rapazes", como são denominados os paramilitares pelos habitantes dos bairros marginais, serão fundidos em um forno para depois constituírem um monumento à paz. O "Comandante R" declarou que alguns dos reinseridos criarão uma força política.

Depois do ato, os paramilitares do BCN sairão de ônibus para um antigo hotel de La Ceja, a menos de 100 quilômetros de Medellín, onde permanecerão três semanas em um processo de readaptação e capacitação, antes de serem enviados a diferentes zonas do país para integrar-se à força trabalhista.

Para facilitar a incorporação dos combatentes, a Presidência colombiana emitiu na noite de segunda-feira três medidas que suspendem temporariamente os processos judiciais, estabelecem uma zona especial no local de concentração de La Ceja e abrem uma nova fase de diálogos com as AUC.

O processo com os paramilitares foi recebido com ceticismo por setores nacionais e internacionais como as organizações não-governamentais, que temem que os crimes cometidos por seus membros fiquem impunes.




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