É a primeira vez que uma concessionária de serviço público recorre ao serviço, na tentativa de diminuir as perdas comerciais geradas por quem altera o medidor de consumo ou desvia energia elétrica de qualquer outra forma. Vale ainda para casos de furto de cabos de eletricidade. No ano passado, a AES Eletropaulo deixou de arrecadar R$ 600 milhões nas 24 cidade em que atua. O furto de energia é considerado crime pelo Código Penal e prevê pena de um a quatro anos de reclusão.

Um convênio assinado entre o Instituto São Paulo Contra a Violência, entidade civil responsável pelo Disque-Denúncia, e a concessionária vai fechar ainda mais o cerco contra o fraudador, que até agora conseguia regularizar sua situação por meio de processos administrativos. “É tolerância zero. A fraude agora é um caso de polícia. As nossas inspeções não foram suficientes para diminuir as irregularidades. Tivemos que montar uma nova estratégia de ação mais firme”, afirmou Marcos Sobral, gerente de prevenção de perdas da unidade Grande ABC da AES Eletropaulo.

Uma vez registrada, a denúncia é repassada automaticamente para a polícia e em seguida para a AES Eletropaulo. As equipes da empresa verificam a procedência do caso e, se houver necessidade, a polícia volta a ser acionada. “Primeiro, vamos tentar a negociação comercial. Mas se o cliente não pagar o que deve, ou seja, o que consumiu mas não foi faturado, tomaremos as medidas jurídicas necessárias. E a polícia fica livre para investigar o cliente e ver se ele comete outras irregularidades”, explicou Sobral.

A parceria com o Disque-Denúncia, que recebe 1,5 mil ligações por dia, é mais uma ação anti-fraude da AES Eletropaulo, que também contratou novos profissionais para atuar nas inspeções. Também foram reduzidas as facilidades de negociação. Em setembro, as 40 equipes da fiscalização que trabalham no Grande ABC ganharão o reforço de mais 12. Desde o começo do ano, são realizadas cerca de 5 mil visitas por mês a consumidores, que geram em torno de 500 flagrantes.