Política Titulo São Caetano
Toscano é réu por venda de gasolina adulterada na Capital

Dono de posto sem bandeira, secretário de Tite foi processado criminalmente após combustível danificar automóvel de cliente

Por Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
10/09/2021 | 00:26
Compartilhar notícia
Nario Barbosa/DGABC


Integrante do governo interino de Tite Campanella (Cidadania), em São Caetano, Rodrigo Toscano é réu em ação criminal por vender gasolina adulterada. Dono de posto de combustível sem bandeira, localizado na Capital, o empresário foi processado depois que uma cliente abasteceu o carro no estabelecimento e viu veículo quebrar.

O caso ocorreu em setembro de 2016, quando Felícia de Lima Oliveira, hoje com 31 anos, colocou R$ 127 de gasolina no seu Volkswagen Parati (ano 2002) no Auto Posto Portal da Saúde, localizado na Rua Boqueirão, no bairro Saúde, na Zona Sul da Capital. Segundo a cliente relatou à Polícia Civil, depois disso “notou que o veículo apresentou defeitos na aceleração” e o carro parou. Ao levar ao mecânico, foi informada de que o “combustível de má qualidade” comprometeu o motor e o cabeçote. Teve de pagar R$ 8.050 pelo conserto.

A dona do veículo até que tentou procurar os responsáveis pelo posto para buscar ser ressarcida, mas relatou que teve dificuldades para conseguir o dinheiro de volta e, por isso, registrou BO (Boletim de Ocorrência) – número 745/2016 – na 1ª Delegacia da Divisão de Investigações sobre Infrações Contra o Consumidor. Felícia só foi indenizada depois que entrou com ação civil contra o estabelecimento.

Em agosto de 2018, porém, o Ministério Público decidiu denunciar Toscano e sua mãe, Áurea Gonçalves Toscano, que figura como sócia do posto, por venderem produto impróprio ao consumo, o que é crime e cuja pena pode chegar a cinco anos de prisão.

A promotoria decidiu processar mãe e filho porque, durante o inquérito policial originado do caso de Felícia, ficou comprovado que o posto de Toscano vende gasolina adulterada e infringe diversas normas técnicas da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). Laudos de fiscalização da agência identificaram, por exemplo, a presença de 65% de etanol na gasolina, quando o tolerável é de 27%, e 50,1% de metanol (normal é 0,5%). O posto chegou a ser interditado pelos fiscais, que também anotaram outras irregularidades no estabelecimento, como inconsistências na identificação de dados da origem dos combustíveis como forma de “induzir o cliente ao erro”.

Após a Justiça passar meses tentando encontrar, sem sucesso, Toscano e Áurea, o hoje superintendente do Saesa (Sistema de Água, Esgoto e Saneamento Ambiental) procurou os tribunais e negou envolvimento com o episódio. Alegou, em suma, que vendeu o posto dois anos antes do ocorrido. Tanto seu nome quanto o de sua mãe, contudo, seguem como donos formais do estabelecimento na Junta Comercial paulista dois anos após denúncia do MP, fator que convenceu a 1ª Vara Criminal da Capital a seguir com o processo.

Inicialmente, Toscano e sua mãe pediram para serem absolvidos sumariamente, mas posteriormente chegaram a aceitar proposta de acordo da promotoria para pagar dois salários mínimos mesmo sob a condição de confessarem as infrações. Meses depois, entretanto, Toscano trocou de advogado e recuou. A Justiça voltou a ter dificuldades para citar o hoje chefe do Saesa e, entre idas e vindas, conseguiu encontrá-lo. Agendou nova audiência para o dia 30.

Procurado, Toscano não respondeu aos contatos do Diário. Pelo menos até março o posto seguia lacrado. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;