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Hospital pagou R$ 12 mil a ex-vereadora
Sérgio Vieira
Do Diário do Grande ABC
01/06/2006 | 07:46
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A ex-vereadora de São Caetano e advogada Sueli Nogueira (PSDB) recebeu em 2003 R$ 11,9 mil do Hospital e Maternidade Central sem nunca ter prestado serviço à unidade hospitalar. À época, ela ainda exercia o mandato, que terminou em dezembro de 2004. O valor foi dividido em três cheques – dois de R$ 4 mil e um de R$ 3,9 mil – datados do mesmo dia, 30 de junho de 2003, do banco HSBC, de conta do próprio hospital, nominais à Sueli.

Até novembro do ano passado, ela estava filiada ao PTB, partido que controla a administração municipal há décadas. O esquema de repasse de verba envolvia o diretor do hospital, Antônio Mônaco, que mesmo tendo ficado em silêncio durante todos esses anos, assegura ter sido coagido a fazer o pagamento à ex-vereadora por conta do contrato sem licitação, assinado em 1998 com a Prefeitura, que correspondia a 70% do faturamento mensal, de R$ 500 mil. Na época, o prefeito era Luiz Tortorello, que morreu em 2004.

Segundo Mônaco, o acerto com a administração garantia "poderes" à Secretaria da Saúde na gestão do Central. "Não havia razão para ela prestar serviços ao hospital. Fui obrigado a pagar e os cheques foram entregues na mão dela", afirma Mônaco, que na época concordou com as condições supostamente impostas pela Prefeitura.

Procurada quarta-feira à tarde, Sueli admitiu, por telefone, que nunca prestou serviços ao hospital. Também disse que jamais recebera cheque do Central, mas após ser informada que o Diário detinha cópias dos cheques (veja reprodução ao lado), ela mudou o discurso: "Eu recebi o reembolso de uma cirurgia de estômago, que fiz por um plano de saúde no hospital", justificou, para logo após entrar em contradição e afirmar que a cirurgia foi em 2001. O hospital nega que tenha realizado qualquer intervenção cirúrgica na ex-vereadora.

Durante a conversa, ela informou que precisava encerrar a ligação por conta do trânsito e que ligaria depois. Ela só retornou no início da noite e já com uma segunda justificativa: "Fiz uma cirurgia que deu complicação em 2003 e precisei fazer um depósito desse valor ao Central". Questionada se tinha recibo desse pagamento, ela respondeu: "Não guardo essas coisas". O hospital também nega o depósito.

Segundo Mônaco, essa não foi a única imposição da administração municipal. Ele assegura que, em dezembro de 2001, recebeu a ordem para pagar a conta médica de R$ 5.237,67 do oficial de justiça aposentado e ex-vereador da cidade João Anhê – pai do presidente do PTB de São Caetano e assessor de gabinete da Prefeitura, Altevir Anhê – que operou o joelho no Hospital Ifor, em São Bernardo. Apesar de o Central já ser credenciado da Prefeitura naquela ocasião, o diretor assegura que foi obrigado a pagar o procedimento médico. "Faço com freqüência esse tipo de cirurgia no hospital, mas me pediram apenas para pagar."

Altevir Anhê disse não ter conhecimento de quem teria pago a conta médica de seu pai. "Não sei. Você deve perguntar a meu pai." João Anhê, que diz ter 91 anos, afirmou não lembrar da internação em 2001.




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