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IBGE: desigualdade ainda é o traço mais marcante do Brasil
Por Do Diário OnLine
12/06/2003 | 11:45
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Pesquisa divulgada nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirma que o traço mais marcante da sociedade brasileira é a desigualdade. As mulheres, por exemplo, continuam recebendo menos do que os homens em todos os Estados e em todos os níveis de escolaridade. Pretos e pardos, por sua vez, recebem metade do rendimento dos brancos. O 1% mais rico da população acumula o mesmo volume de rendimentos dos 50% mais pobres, enquanto os 10% mais ricos ganham 18 vezes mais que os 40% mais pobres.

A Síntese de Indicadores Sociais 2002 revela uma melhora generalizada dos indicadores, com destaque para as áreas de saúde, educação e condição de domicílios, mas a desigualdade ainda é muito grande. Segundo o IBGE, metade dos trabalhadores brasileiros ganha até dois salários mínimos e mais da metade deles não contribuem para a Previdência.

O IBGE verificou redução da desigualdade de renda em todas as regiões entre os 10% mais ricos e os 40% mais pobres, com exceção da Sudeste. A região Nordeste ficou com a menor taxa de contribuição previdenciária. Em 37% dos domicílios nordestinos, a renda per capita é de até meio salário-mínimo, contra 12% no Sudeste e no Sul. Entre os mais pobres, 30% estão empregados sem carteira, contra um índice de 8% entre os mais ricos.

A desigualdade salarial acaba acarretando outras grande diferenças. De acordo com o levantamento, 80% dos domicílios dos mais ricos têm saneamento adequado, contra um terço dos 40% mais pobres. No Norte, Nordeste e Centro-Oeste, apenas metade dos domicílios urbanos possui acesso a rede geral de esgoto ou a fossa séptica. Em todo o país, 62,2% possuem saneamento adequado. No Sudeste, quase 85% vivem em condições adequadas.

Pretos e pardos — Em 2001, o rendimento médio da população ocupada preta e parda ficou em torno de 50% do rendimento dos brancos. Enquanto os primeiros ganhavam em média 2,2 salários mínimos mensais, a média para os brancos era de 4,5 mínimos. O aumento do nível educacional não foi suficiente para superar as desigualdades sociais, pois, segundo o IBGE, as maiores diferenças foram verificadas entre os ocupados com 12 anos ou mais de estudo. A diferença foi verificada em todo o país, com destaque para Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba. A região metropolitana de Porto Alegre foi a que apresentou a menor diferença.

Mulheres — A desigualdade por gênero também é bastante expressiva. Mesmo que ambos tenham a mesma média de anos de estudo, os homens ganham mais que as mulheres em todas as regiões. As mulheres com grau de escolaridade igual ou inferior a três anos de estudo ganham 61,5% menos que os homens com o mesmo grau de escolaridade, enquanto as mulheres com 11 anos ou mais de estudo ganham 57,1% menos do que os homens desta faixa.

Segundo o IBGE, 71,3% das mulheres que trabalham ganham até dois salários mínimos, contra 55,1% dos homens. A desigualdade salarial aumenta conforme a remuneração. A proporção de homens que ganham mais de cinco salários mínimos é de 15,5% e das mulheres, 9,2%. Além disso, a proporção de mulheres dedicadas aos trabalhos domésticos (19,2%) e que não recebem remuneração (10,5%) é bem maior do que a dos homens (0,8% e 5,9%, respectivamente).

Trabalho infantil — O levantamento ainda mostra uma redução do trabalho infantil, que caiu de 19,6% das pessoas de 5 a 17 anos de idade para 12,7% em 2001. A responsabilidade dos menores, no entanto, continua grande, já que 75% desses jovens trabalhadores são responsáveis por até 30% do orçamento de suas famílias.




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