Política Titulo Ribeirão Pires
Volpi vislumbra plano de criar nova classe política em Ribeirão

Prefeito eleito avisa que não irá entregar chaves da Prefeitura ao grupo derrotado na eleição: ‘Vamos montar nova turma’

Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
17/11/2020 | 00:38
Compartilhar notícia


Clóvis Volpi (PL) vai ao terceiro mandato como prefeito de Ribeirão Pires aos 72 anos, mas com disposição de ser líder de um processo de transição geracional da política da cidade. Eleito no domingo com 45,9% dos votos válidos, derrotando o atual prefeito, Adler Kiko Teixeira (PSDB), Volpi avisou que pretende governar sem a participação de caciques da política local que endossaram a tentativa frustrada de reeleição do tucano.

Em visita ao Diário, o ex-chefe do Executivo argumentou que a população mostrou fadiga sobre a antiga relação entre a classe política e o eleitorado. “Eu costumo brincar que sou o mais velho de um grupo muito jovem. E não dá mais para pensar que faz política da mesma forma que antigamente. É preciso falar a verdade. Eu fiz isso. Inclusive em assuntos que eram incômodos para mim.”

Em busca da reeleição, Kiko apostou em uma disputa polarizada contra Volpi, que administrou Ribeirão Pires entre 2005 e 2012. Para isso, atraiu diversos atores importantes da política ribeirão-pirense, como o ex-prefeito Luiz Carlos Grecco (PSDB), Lair Moura (Avante) e até mesmo o ex-vice-prefeito Edinaldo de Menezes , o Dedé (Cidadania), que foi número dois de Volpi na gestão entre 2009 e 2012.

“Não vejo (necessidade de conversar com esse grupo). Com esses grupos não, nossa pretensão é criar nova casta política na cidade. Queremos nova casta, de mais jovens que gostem de política, de gestão pública, que tenham conhecimento. Vamos tentar montar isso”, disse o ex-prefeito. “Eles (oposição) foram derrotados. Numa guerra você não vai buscar derrotado para dar espaço. Cria inimigo dentro do seu quartel. Queremos criar nova turma de políticos. Não só do nosso lado. Do lado de lá também tem muita gente boa, se tiverem interesse. Tenho 72 anos, não tem cabimento eu disputar mais eleição.”

Volpi voltou a falar da necessidade de redimensionar a máquina pública. Assegurou que vai cumprir promessa de campanha de cortar de 21 para 12 o número de secretarias e demitir ao menos 300 cargos em comissão. Por suas contas, admite herdar a Prefeitura com R$ 250 milhões em dívida consolidada. Ele tem dito que o cenário que se avizinha é mais complexo do que em 2005, quando sucedeu a ex-prefeita Maria Inês Soares (PT). Além do corte de gastos, Volpi aposta em um projeto de condomínio de lotes, que buscará repartir as matrículas de terrenos municipais. “Precisamos crescer. Podemos ter crescimento demográfico e econômico.”

Sobre a questão jurídica, Volpi demonstrou confiança em tomar posse no dia 1º de janeiro. O ex-prefeito teve sua candidatura deferida pela Justiça Eleitoral de Ribeirão, mas, depois da decisão local, viu o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) acolher uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) que coloca em xeque a aprovação de suas contas referentes ao ano de 2012, seu último no Paço.

“Vamos entrar nesta semana com ação anulatória da primeira sessão da Câmara, que não me permitiu prazo legal de defesa (nessa sessão, o Legislativo aprovou relatório do Tribunal de Contas do Estado, que recomendava a rejeição do balancete fiscal de Volpi)”, disse. “Esse instrumento jurídico do pedido de anulação estanca a discussão no tribunal (sobre a Adin). Tenho muita confiança. Pegarei a chave da cidade e não entrego mais para eles. Pode ser para outros. Não para eles (oposição liderada por Kiko)”, acrescentou. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;