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Sandman volta em quadrinhos de luxo
Por Alessandro Soares
Do Diário Online
18/02/2001 | 17:13
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Uma fábula japonesa de amor e vingança e um surrealismo pop trazem de volta Sandman, o rei do mundo dos sonhos, em uma edição em prosa ilustrada. O personagem que amadureceu as histórias em quadrinhos na década de 90 reaparece em Sandman the Dream Hunters: Os Caçadores de Sonhos (Conrad Livros, 132 págs., R$ 49), ainda que como coadjuvante, com texto do inglês Neil Gaiman. As ilustrações são do artista japonês Yoshitaka Amano, que faz desenho animado, como G-Force, e estréia com um personagem de quadrinhos.

Não se trata de um álbum de HQ típico, a começar pela edição. O livro foi produzido em 1999 para comemorar os 10 anos da estréia de Sandman no mercado editorial norte-americano. No Brasil, o personagem parou de ser editado em quadrinhos em dezembro de 1998. As histórias alternavam momentos de sonho, com um forte conteúdo centrado na mitologia e na psicologia, e pesadelo, com um terror sangrento, arrepiante e doloroso. Contudo, a inspiração de Gaiman já não era a mesma nas últimas histórias e o fim do personagem veio para que os fãs não debandassem. Contudo, esta pausa deixou brechas.

Uma delas foi preenchida com esta edição que chega às livrarias e lojas especializadas. Gaiman incorporou o mundo de Sandman ao conto japonês A Raposa, O Monge e o Mikaido dos Sonhos. O texto é uma história romântica e trágica, no original, e cheia de símbolos oníricos na versão de Gaiman, traduzida por Ederli Fortunato, e no traço de Amano.

Uma raposa se apaixona por um monge budista, condenado a morrer em seus sonhos por um místico senhor. A raposa, sabendo da armação, sonha por ele o seu fim, um desejo atendido pelo Lorde Morfeu (ou Sandman). Ele também concede ao monge um pedido: ter a sua morte predestinada para que a raposa viva. Ao voltar ao mundo real, a raposa vinga-se do místico.

Lirismo e momentos de terror se equilibram em uma tênue linha entre as intenções de Gaiman de ir além do entretenimento e a saudade de seus melhores momentos.

Gaiman recriou Sandman em 1988, misturando mitologias. A fonte inicial são contos de Hans Christian Andersen, de 1835, nos quais uma misteriosa figura soprava areia nos olhos das pessoas para elas sonharem ou terem pesadelos. Outra é o mito grego de Morfeu.

Do ponto de vista pop, a música In Dreams, de Roy Orbison, evoca o “homem da areia” de Andersen. Some-se a isso a pele pálida e os cabelos negros arrepiados de Ian McCulloch, da banda de rock Echo & The Bunnyman, inspirador de Gaiman para o visual do personagem. O Sandman dos quadrinhos de 1938, um milionário que combatia o crime com máscara e gás sonífero e suas variações, nada tem a ver com o Lorde Morfeu, de Gaiman, que comanda sonhos e pesadelos.




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