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Israel negocia em segredo laços com vários países árabes, revela Netanyahu
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31/08/2020 | 07:00
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Israel mantém negociações secretas com líderes árabes e muçulmanos a respeito da normalização de suas relações, revelou ontem o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, na véspera da inauguração do primeiro voo comercial direto entre o Estado judaico e os Emirados Árabes Unidos.

Desde o anúncio do dia 13, feito por Washington, da normalização das relações entre Israel e os Emirados, que mantêm laços informais há anos, os telefonemas entre os ministros aumentaram, e foram fechados os primeiros contratos comerciais. No sábado, Abu Dhabi revogou uma lei de 1972 que instituía um boicote a Israel.

Em viagem pelo Oriente Médio na semana passada, com passagem por Sudão, Bahrein e Omã, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, tentou convencer outros países da região a seguirem o exemplo dos Emirados Árabes. Nos últimos meses, Netanyahu já havia falado com líderes do Sudão, do Chade e de Omã.

"Estas são as reuniões conhecidas. Mas há muito mais reuniões não informadas pela mídia com líderes árabes e muçulmanos para normalizar as relações com o Estado de Israel", disse o premiê, sem revelar os países envolvidos nas conversações. Analistas acreditam que Sudão e Bahrein poderão em breve seguir os passos dos Emirados.

"Os avanços de hoje serão o padrão de amanhã. Eles abrirão o caminho para outros países normalizarem suas relações com Israel", declarou Netanyahu, juntamente com o conselheiro sênior da Casa Branca Jared Kushner, genro do presidente Donald Trump, e com o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Robert O'Brien.

Até agora, a paz com os palestinos era considerada uma precondição para qualquer normalização das relações entre Israel e o mundo árabe e muçulmano.

Mas, nos últimos anos, Israel tentou inverter essa equação para convencer os países árabes a normalizar suas relações, sem esperar a assinatura de paz com os palestinos. A Autoridade Palestina criticou o acordo entre Israel e os Emirados Árabes, que descreveu como uma "traição" de Abu Dhabi, apesar de o governo árabe destacar que seguirá sendo um forte apoiador dos palestinos e o acordo mantém aberta a possibilidade de uma solução para o conflito com Israel que defenda a criação de dois Estados. No acordo de normalização de relações diplomáticas com os Emirados, Israel apenas se comprometeu a suspender, por tempo indeterminado, os planos de Netanyahu de anexar uma parte ocupada da Cisjordânia.

"Se fôssemos esperar pelos palestinos, esperaríamos para sempre", disse Netanyahu.

Ao seu lado, Kushner descreveu o acordo com os Emirados como "um passo gigante" e disse que "nunca foi tão otimista em relação à paz" no Oriente Médio quanto agora, apesar da recusa dos líderes palestinos a retomarem as negociações com Israel com base no plano de Trump.

Anunciado em janeiro, este projeto, descrito ontem como "uma oferta amigável e realista" por Kushner, prevê a criação de um Estado palestino, mas em um território reduzido e descontínuo na Cisjordânia ocupada, parte da qual (cerca de 30%) seria anexada por Israel.

Como prova da vontade de avançar rapidamente para a normalização com Abu Dhabi, uma delegação americano-israelense embarca hoje de manhã no primeiro voo comercial direto entre Israel e os Emirados.

O voo LY971, da empresa israelense El-Al, cujo avião está inscrito com as palavras "Peace, salam, shalom", decolará do aeroporto Ben-Gurion de Tel-Aviv com destino a Abu Dhabi, levando funcionários de alto escalão do governo de Israel e dos EUA, entre eles Kushner.

O acordo mediado pelos EUA representou uma vitória diplomática de Trump que pode ajudar o candidato republicano nas eleições de 3 de novembro. (Com agências internacionais).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.




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