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Região tem recorde de casos e mortes em meio a tratativas para flexibilização

Número de infectados pela Covid sobe 57% e o de óbitos tem acréscimo de 16% no fim de maio

Por Anderson Fattori
Do Diário do Grande ABC
02/06/2020 | 00:01
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Nario Barbosa/DGABC


No momento em que o governo do Estado discute a flexibilização de comércios e serviços na Região Metropolitana, o Grande ABC acumula marcas negativas no combate à pandemia da Covid-19. Os últimos sete dias de maio foram os piores na região desde que os primeiros casos sugiram nas sete cidades. Foram registrados os maiores números de infectados e de mortes.

Em uma semana, o Grande ABC computou 2.367 novos infectados, média de 338 por dia. O aumento foi de 57,1% em relação aos sete dias anteriores (1.506). Além disso, a sexta-feira ficou marcada pelo maior registro de contaminados em 24 horas, com 536 diagnósticos positivos da Covid-19. Apenas nos últimos sete dias de maio morreram 118 pessoas infectadas pelo novo coronavírus no Grande ABC. O número é 15,7% maior do que o registrado no mesmo período anterior. Também houve recorde diário em perdas, com 28 baixas registradas apenas na quinta-feira. Estes números foram inflados por Diadema, que registrou 19 óbitos na semana de 18 a 24 de maio e passou para 37 nos sete dias seguintes, aumento de 94%.

Ontem, os boletins epidemiológicos divulgados pelas sete prefeituras mostram que a alta nos números é tendência. Foram mais 15 mortes registradas por Diadema e 24 no total (veja o balanço completo abaixo).

É neste cenário que os prefeitos do Grande ABC aguardam para amanhã parecer do governo do Estado, João Doria (PSDB), sobre a flexibilização da quarentena na região, assim como foi feito na quarta-feira, com a Capital. Após isolar a cidade de São Paulo do restante da Região Metropolitana e permitir a reabertura de parte do comércio com restrições, o tucano recebeu críticas dos outros 38 prefeitos dos municípios que compõem o aglomerado e decidiu impor subdivisões.
O Grande ABC integra a área Sudeste da Região Metropolitana. Existirão os setores Norte (Caieiras, Cajamar, Francisco Morato, Franco da Rocha e Mairiporã), Leste (Arujá, Biritiba-Mirim, Ferraz de Vasconcelos, Guararema, Guarulhos, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Poá, Salesópolis, Santa Isabel e Suzano), Sudoeste (Cotia, Embu, Embu-Guaçu, Itapecerica da Serra, Juquitiba, São Lourenço da Serra, Taboão da Serra e Vargem Grande Paulista) e Oeste (Barueri, Carapicuíba, Itapevi, Jandira, Osasco, Pirapora do Bom Jesus e Santana de Parnaíba). Por ora, todas essas áreas estão na Fase 1, vermelha, do plano de flexibilização, ou seja, impedimento total de abertura de comércio não essencial.

Independentemente da autorização do governo do Estado, que pode ocorrer amanhã, os prefeitos das cidades do Grande ABC já adiantam que a reabertura do comércio será feita de forma gradual, medida que também é adotada por Bruno Covas (PSDB) na Capital (leia ao lado). Desta forma, ainda não há previsão para que shoppings e outros estabelecimentos voltem a funcionar.

Grande ABC representa 8,1% das mortes no Estado

Diadema registrou ontem recorde de mortos anunciados em um único dia. No boletim epidemiológico divulgado pela Prefeitura, 15 novos óbitos foram adicionados à contagem do município, que agora tem 124 vítimas fatais pelo novo coronavírus. Santo André, por sua vez, registrou cinco novas perdas, sendo três delas no hospital de campanha do Complexo Esportivo Pedro Dell’Antonia. No total, o Grande ABC fechou a segunda-feira com 626 fatalidades, 24 a mais do que o registrado na véspera, domingo. Assim, as sete cidades representam 8,1% dos 7.667 óbitos do Estado de São Paulo (4.451 homens e 3.216 mulheres).
Além do total de mortes na cidade diademense, são 210 em São Bernardo, 159 em Santo André, 67 em Mauá, 41 em São Caetano, 17 de Ribeirão Pires e oito em Rio Grande da Serra. As sete cidades registram ainda 7.890 casos confirmados da doença, sendo 2.903 somente no município andreense e 2.031 no são-bernardense.

Já na questão sobre suspeitos, o Grande ABC contabiliza 13.501. Apesar da redução em comparação à semana passada, São Bernardo segue como o município com o maior número de pessoas nessas condições: 6.427.

MAIS NÚMEROS
São Paulo divulgou ontem que o Estado já alcançou 111.296 casos confirmados da Covid-19 – ou seja, 7,1% dos infectados estão no Grande ABC. Por outro lado, 21.476 pessoas que foram diagnosticadas positivamente, receberam tratamento e estão recuperadas.

Dos 7.667 mortos registrados em São Paulo, 72,8% tinham 60 anos ou mais, enquanto 58,6% tinham alguma cardiopatia que pode ter colaborado para o agravamento do caso e, consequentemente, à mortalidade.

No Brasil, já são 211.080 aqueles que receberam alta, o que representa 40,1% do total de positivados no País (526.447, de acordo com boletim do Ministério da Saúde divulgado ontem). Já com relação às mortes, são 29.937 em todo o território nacional.

OMS
As Américas do Sul e Central ainda não atingiram o pico do novo coronavírus. Ao menos é o que afirma o chefe de emergências da OMS (Organização Mundial da Saúde), Mike Ryan. Questionado sobre a situação do Brasil, ele respondeu que o País está entre os que têm registrado os maiores aumentos diários de casos, ao lado de Colômbia, Chile, Peru e México.

“Claramente a situação em alguns países sul-americanos está longe da estabilidade. Houve um crescimento rápido dos casos e os sistemas de saúde estão sob pressão”, teria dito Mike. (DB)

Capital recebe protocolos para reabrir comércios; região observa

Ampliada até 15 de junho na Capital, a quarentena terá retomada gradual das atividades, em modelo que deverá ser seguido pelas prefeituras do Grande ABC. De acordo com o prefeito da cidade de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), a situação já faz parte do plano de flexibilização implementado pelo governador João Doria (PSDB) na semana passada.

“Começamos a receber as propostas setoriais de atividades imobiliária, escritórios, comércio, shoppings e concessionárias de veículos. Elas devem atender o disposto no decreto, que terão de ser referendadas pela vigilância sanitária do município e assinadas antes da retomada das atividades”, afirmou Covas, no sábado.

Ontem a prefeitura da Capital recebeu propostas de 46 setores que desejam reabrir ou retomar suas atividades, mas a administração pública não divulgou quais são. De qualquer maneira, admitiu que as análises estão sendo feitas.

Um destes setores é o de shopping centers. Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shopping) propôs que os centros comerciais funcionem oito horas por dia, das 12h às 20h, e que as praças de alimentação abram normalmente, respeitando distanciamento de mesas. Na semana passada, a proposta do governo estadual era de funcionamento dos shoppings por quatro horas por dia. Já a Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers) afirmou que protocolou junto à prefeitura a reabertura dos centros comerciais e aguarda análise.




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