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Um canto de esperança
Por Cristie Buchdid
Do Diário do Grande ABC
12/10/2010 | 07:02
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Um Canto de Esperança é um grito de alerta pela sobrevivência de um povo aliado à preservação de sua cultura. O show expressa uma das funções mais nobres da arte, quando é utilizada como bem maior do que o entretenimento. Desta vez, a música reflete cidadania.

O projeto é da soprano Margarete Áquila, que levará repertório tão diversificado quanto sua capacidade vocal - que abrange de MPB a ópera - para o palco do Teatro do Instituto Sagrada Família, em Santo André, no sábado, às 20h. Participam do espetáculo integrantes da tribo indígena Kariri-Xocó, de Alagoas, a qual receberá alimentos não perecíveis que devem ser doados pelos espectadores juntamente com a compra do ingresso (R$ 15). São indicados arroz, feijão, leite ou farinha de milho ou de mandioca.

Em sua segunda apresentação, o show também marcará o lançamento do DVD (R$ 30) gravado na estreia, em agosto, em São Paulo, com participação especial de Jorge Vercillo. Na ocasião, foram arrecadados uma tonelada de alimentos e mais de 300 kg de roupas. O projeto foi criado quando Margarete abraçou a causa da tribo. "Que perdeu toda plantação com os alagamentos de julho. Resolvi criar projeto para recolher alimentos para os índios", explica Margarete. Alinhados com a responsabilidade ambiental - que também é uma das maiores preocupações do meio empresarial -, os indígenas pagam o preço da fome para preservar a natureza. "Eles vivem do que plantam. Não caçam e não pescam por causa da consciência ambiental. O maior problema dos Kariri-Xocós é a mortalidade infantil: 60% das crianças não passam de 2 anos. Há 100 anos, a tribo tinha 40 mil índios. Hoje são 4.000", explica a cantora.

O SHOW
A apresentação tem duas partes bem distintas. Na primeira, Margarete divide o palco com o pianista João Cristal - que também é produtor musical do show - e com a violoncelista Malu Cameron, da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo). O cantor e compositor Beto Paschoal, do grupo Fruto da Terra, fará participação embalando canções ao violão. A bailarina clássica Raissa de Paula fará apresentação solo.

O repertório vai de MPB a ópera, passando por músicas espiritualistas indicadas para relaxamento. "Tem Jessé, Milton Nascimento, Caetano Veloso, Villa-Lobos, O Fantasma da Ópera, a ópera Carmen, de Bizet... É bem variado. Eu popularizo o clássico para torná-lo mais acessível", diz a cantora.

Na segunda parte entram dez índios Kariri-Xocós que moram em São Paulo, onde se apresentam divulgando sua cultura em troca de doações para a tribo. Os artistas indígenas cantam, dançam e tocam maraca e buzu - instrumento com cano longo e som grave utilizado para evocar poderes da natureza. Eles falam sobre a vida na tribo e reproduzem o ritual Ouricuri. "Existem músicas e danças para várias finalidades: casamento, fartura, colheita, plantação, cura do corpo e do espírito...", diz Margarete. O público é convidado a participar de uma dança. "Encerramos cantando juntos em idioma africano zulu, mostrando a miscigenação da raça brasileira", diz a cantora.

Um Canto de Esperança - Show. No Teatro do Instituto Sagrada Família. Na Rua Manduri, 68, Santo André. Sábado, às 20h. Informações e ingressos antecipados pelo telefone 9679-3551. Ingr.: R$ 15 e 1kg de alimento não perecível (recomenda-se arroz, feijão, leite ou farinha de milho ou de mandioca).




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