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Em meio a vaias, Lula defende a criação de uma nova geografia comercial
Do Diário OnLine
Com Agências
27/01/2005 | 16:00
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Em meio a vaias e aplausos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, durante o Fórum Social Mundial, realizado nesta quinta-feira em Porto Alegre, a criação de uma "nova geografia comercial". Segundo Lula, é de extrema importância a relação que o Brasil tem com os países do terceiro mundo e, por isso, é necessário que a integração latinoamericana passe do discurso para a prática. "Não basta a integração do discurso, a integração passa por políticas concretas, por obras de infra-estrutura, e é por isso que o Brasil, mesmo sendo um país pobre, está fazendo o possível para desenvolver estas políticas.

Enquanto tentava falar de seus planos para os países pobres, a oposição não parava de vaiar. Os gritos dos que estavam contrariados irritou o presidente, que fez questão de responder. "Os visitantes não se assustem, porque estes que não querem ouvir são filhos do PT que se rebelaram, mas um dia eles amadurecerão e a casa retornarão. E nós estaremos de braços abertos para recebe-los e trata-los com o mesmo carinho que sempre o tratamos", afirmou.

Lula também elogiou o evento ao falar sobre o tema central: ‘Chamada Global para Ação contra Pobreza’. Ele usou a fome, um dos resultados mais cruéis da pobreza, para criticar os "ricos". De acordo com o presidente, algumas pessoas não se preocupam com a fome enquanto esta é uma questão social, mas quando se tornar um problema político elas provavelmente ‘abrirão seus olhos’. "Tem gente que toma café, almoça, janta e toma um chá antes de dormir. Estas pessoas não sabem o que é passar fome".

"O fórum é uma demonstração física de exercício da democracia e de compromisso das organizações sociais com os problemas mais sérios que a humanidade já passou", afirmou Lula, acrescentando que de todas as edições do fórum esta é a primeira que está assumindo a responsabilidade de transformar um problema crônico da sociedade em um tema central.

Ao falar sobre sua idas e vindas à África, Lula ressaltou que está fazendo um ótimo trabalho. "Eu, em dois anos, visitei mais vezes a África do que todos os presidentes da história do meu país. Eu poderia ter feito uma opção, ter ficado dentro do meu país discursando, é bem mais fácil do que sair para conversar com uma pessoa que eu nem entendo a língua, mas ou nós nos juntamos ou não temos saída".

Lula encerrou seu discurso afirmando que ficaria muito feliz se a próxima edição do Fórum pudesse ser feita no Rio Grande Sul novamente.

Confusão – Em um momento de nervosismo, o presidente se confundiu e chamou o presidente da Argentina, Nestor Kirchner, de "companheiro Menem". Lula elogiou as modificações que foram feitas nos países da América do Sul e, primeiro, criticou Carlos Menem (1989–1999). Logo em seguida ele falou sobre o governo Kirchner e suas benfeitorias, mas esqueceu de trocar o nome e voltou a citar Menem.

"Há pouco mais de dois anos um país importante como a Argentina sequer tinha visão de eleger um presidente da República, porque se imaginava que o Menem voltaria a ser presidente. O que aconteceu na Argentina é que o companheiro Menem (Kirchner) assumiu a presidência da Argentina e está mudando não apenas a relação do governo com seu povo, mas está contribuindo para mudar a relação entre os Estados da América Latina."

Manifestação – Um grupo de estudantes protestou do lado de fora do ginásio e, em vários momentos do discurso do presidente, vaiou. Alguns jovens tentaram entrar no local, mas foram barrados pela Brigada Militar da cidade, que foi obrigada a reforçar a segurança. "Este barulho que vocês estão ouvindo agora, eu ouço desde 1965, meus ouvidos já estão calejados, vejo isto como um gesto bom, como democracia de pessoas que não tem paciência de ouvir a verdade", afirmou Lula, se referindo a manifestação.




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