Sensualidade à flor da pele, baladinhas românticas com excesso de açúcar e latinidade com um leve acento rock. Esta é a fórmula de trabalho da cantora colombiana Shakira, ainda mais explícita em Oral Fixation Vol.2 (Sony-BMG, R$ 33 em média), novo álbum da artista, uma das poucas a transpor os limites impostos pelo mercado anglo-saxão aos que nasceram abaixo da Linha do Equador.

A capa, uma foto da cantora no papel de Eva, seminua e segurando uma maçã, sob o olhar de um bebê sentado em uma árvore, já diz bastante sobre sex appeal. No repertório do disco, o primeiro composto apenas por canções em inglês, há melodias escancaradamente radiofônicas, como a do single Don’t Bother, que já demarcou terreno na programação das rádios e da parada de clipes da MTV. Com refrão pegajoso e uma cama de teclados que sustenta as tímidas guitarras, a música remete o ouvinte à sonoridade dos grupos pop dos anos 80.

Essa “pegada” oitentista deixa marcas em outras canções do álbum, como a breguinha Illegal, pontuada pela guitarra de Carlos Santana, músico que, apesar do passado mais que respeitável, se tornou uma maquininha de fazer hits descartáveis e altamente lucrativos. “Você nem consegue entender o significado das palavras sinto muito”, canta Shakira no refrão. Mais kitsch impossível.   Hey You, um misto de rock com trilhas de musicais da Broadway, é até divertida, mas pouca coisa em Oral Fixation Vol.2 ultrapassa a linha do mediano. Produzido pela cantora e por Rick Rubin, que já lapidou o trabalho de grupos como o Nirvana e Red Hot Chilli Peppers, o disco também apresenta versões em inglês de músicas do primeiro volume, lançado em junho passado, entre elas The Day and The Time (Dia Especial) e Something (En Tus Pupilas).   Aliás, Shakira tem o mérito indiscutível num mercado repleto de cantoras-atrizes-dubladoras da linhagem de Britney Spears: além de produzir, escreveu as letras das 11 canções do álbum e das dez gravadas para Fijacíon Oral, Vol. 1, que estreou em quarto lugar no Top 200 de álbuns mais vendidos da Billboard.

O single do álbum, La Tortura, com participação do cantor espanhol Alejandro Sanz, já completou 21 semanas na liderança na categoria Hot Latin Track do mesmo ranking. Também estreou em primeiro lugar em países como México, Espanha, Colômbia e Venezuela. Ao que tudo indica, Oral Fixation Vol.2 segue o mesmo caminho.