Paralisação é motivada em protesto ao não cumprimento, por parte da instituição, da convenção coletiva
Atualizada às 17h15
Funcionários da FUABC (Fundação do ABC) que trabalham nos hospitais, UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e demais equipamentos de saúde geridos pela instituição em Santo André, São Bernardo, São Caetano e Mauá decidiram paralisar as atividades da categoria a partir da próxima terça-feira (17), em protesto ao não cumprimento, por parte da empresa, da convenção coletiva de trabalho de 2019.
De acordo com comunicado oficial do Sindsaúde ABC, que representa a categoria, o acordo estabelece a reposição integral da inflação, de 5,07% nos salários e benefícios dos trabalhadores em duas parcelas, sendo que a primeira delas, de 2,5%, já deveria ter sido aplicada nos salários de agosto, o que, segundo o sindicato, não aconteceu. Além disso, a entidade de classe informa que desde 2016 os trabalhadores não têm reposição salarial e que os processos de dissídio destes anos seguem na Justiça do Trabalho.
O sindicato informou, ainda, que nesta sexta-feira foi protocolado na FUABC o aviso de greve com antecedência de 72 horas previsto em lei, por se tratar de prestação de serviço essencial à população."Ninguém aguenta mais tanto desrespeito àqueles que cuidam da saúde da população", afirmou o presidente da entidade, Almir Rogério Mizito.
Estado de greve - Diante de impasse semelhante, os agentes comunitários de saúde de Santo André e São Bernardo, que também possuem vínculo com a FUABC, declararam estado de greve - etapa que antecede a efetiva paralisação dos serviços - após assembleia extraordinária realizada com o Sindacs-SP (Sindicato dos Agentes Comunitários de Saúde da Região Metropolitana), que representa a categoria.
A principal reivindicação da classe é a definição de acordo coletivo de trabalho, além de pagamento retroativo de 21 meses de equiparação salarial (período entre a implantação da lei federal que garantiu piso nacional dos profissionais e o aumento formalizado em ambos municípios), além de reajuste do vale-alimentação, defasado há três anos.
De acordo com Rodrigo Rodrigues Costa, presidente do sindicato, a categoria não tem acordo coletivo definido nestes municípios desde 2017. "Tínhamos negociações em andamento, mas que não foram formalizadas. Desde a saída do ex-presidente Carlos Maciel da Fundação do ABC, a empresa ficou sem gerência. Tivemos diversas reuniões, mas não conseguimos chegar a um acordo. A Fundação chegou a esboçar uma contraproposta, mas afirma que não teve anuência das secretarias de Saúde dos municípios e isso vem se arrastando. Chegamos no limite", explicou.
Em comunicado oficial, o sindicato ainda informou que o estado de greve se manterá até próxima assembleia, definida para 5 de outubro, mês em que se comemora o Dia Nacional do Agente Comunitário. "Estamos formalizando um repúdio. Estamos de luto."
Explicação - Em resposta tanto em relação à greve dos funcionários da Saúde quanto aos agentes comunitários, a FUABC explicou que é "intermediária nas negociações dos sindicatos com as secretarias municipais de Saúde e que não tem medido esforços no propósito de contribuir para o avanço das negociações entre os representantes dos empregados e o poder público. A expectativa é a de que não haja prejuízo aos atendimentos à população, tendo em vista que, conforme legislação vigente, os sindicatos devem manter no mínimo 70% dos trabalhadores em atividade. As categorias envolvidas são auxiliares, técnicos, recepcionistas, pessoal administrativo e agentes comunitários de saúde. Médicos e enfermeiros são representados por outras entidades sindicais e não integram o estado de greve anunciado. A FUABC seguirá empenhada na intermediação das negociações e aguarda novas deliberações dos municípios".
Com relação a ambos os casos, a Prefeitura de Santo André informou que "as negociações estão a cargo da FUABC e no momento oportuno a Secretaria de Saúde se manifestará".
Com relação ao estado de greve dos agentes comunitários, a Prefeitura de São Bernardo informou que "a negociação sobre o acordo coletivo dos agentes comunitários de saúde está sendo feita por meio da FUABC", e ressaltou que a categoria segue trabalhando normalmente no município.
Já Mauá disse que "a própria FUABC está gerenciando essa situação e responderá à imprensa", sobre o aviso de greve dos funcionários da Saúde.
A equipe de reportagem do Diário também solicitou posicionamento da Prefeitura de São Caetano e aguarda retorno.
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