No Cairo, capital do Egito, se reunirá com o Papa dos coptos, Chenuda III, e com o xeque Mohamed Sayed Tantaui, o ima (ministro de religiao) de Al-Azhar, a ``fortaleza do Isla'.

A viagem conta com uma agenda leve, devido às condiçoes de saúde do Papa, que em maio completa 80 anos, e estará dedicado sobretudo à visita do monastério de Santa Catalina, no coraçao do monte sagrado, construído sobre importantes vestígios da história judia e crista. O monastério foi sede de uma antiga comunidade ortodoxa em terras muçulmanas.

O ima de Al-Azhar, a autoridade mais influente dos sunitas, declarou na quinta-feira passada que espera estabelecer um ``intercâmbio benéfico' com o Papa Joao Paulo II, mas garantiu que nao abordará o tema das diferenças entre as religioes.

``Dialogar sobre as confissoes abranda a distância entre os interlocutores. Só Deus tem o direito de julgar as confissoes.'

Se o diálogo do Papa com Chenuda III promete ser pouco espinhoso, por outro lado nao faltarao problemas no encontro com os monges greco-bizantinos do monastério de Santa Catalina. Os ortodoxos suspeitam que o Sumo Pontífice quer impor o catolicismo como religiao dominante entre os cristaos.

``Cremos que a visita do Papa tem dois objetivos', declarou o arcebispo Damianos. ``Antes de tudo, vem como peregrino, porque é um homem muito devoto. Mas também temos a impressao de que vem para mostrar ao mundo inteiro que é o chefe de todos os cristaos', declarou o prelado, ao analisar o que definiu como ``globalizaçao' da religiao.

Joao Paulo II aproveitará a visita para reativar o diálogo ecumênico com os ortodoxos, fomentar o diálogo inter-religioso com os muçulmanos e os judeus, e pedir a colaboraçao das três grandes religioes monoteístas no Oriente Próximo.

Antes de voltar a Roma, no sábado, o Papa visitará pela manha o monte Sinai, primeira etapa de uma série de peregrinaçoes previstas a lugares bíblicos, por motivo do Jubileu, para seguir os passos de Jesus. No final de março, ele viaja à Jordânia, Israel e Territórios palestinos.

No monastério de Santa Catalina, o chefe da igreja católica celebrará uma liturgia no jardim das oliveiras, ao pé do Monte Horeb, nome bíblico do monte Sinai, o local onde Deus teria entregue as Tábuas dos Dez Mandamentos a Moisés, segundo narra a Bíblia.

No Cairo, o Papa será recebido esta quinta-feira pelo presidente egípcio Hosni Mubarak e se encontrará com altas autoridades coptas e muçulmanas.

Joao Paulo II celebra, na sexta-feira pela manha, uma missa para a pequena comunidade católica local e se reunirá à tarde no seminário do Cairo com os representantes de diferentes comunidades religiosas nao católicas.

Com sua visita ao Egito, o pontífice terá realizado 227 viagens em 21 anos de pontificado, dos quais 90 fora da Itália. O Papa visitou, até o momento, 120 países, dos 191 que existentes, e percorreu ao todo 1.163.948 km, ou seja, o equivalente a 29 vezes a volta ao mundo.