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Guerra Santa ganha leitura
Luís Felipe Soares
Do Diário do Grande ABC
25/05/2010 | 07:03
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O antigo e o novo se encontram no Ciclo de Leituras do Teatro da Vertigem, promovido para apresentar ao público obras de autores consagrados dirigidas por diretores que estão iniciando sua trajetória profissional. O projeto será encerrado hoje com montagem especial de Guerra Santa, do escritor Luís Alberto de Abreu, de Ribeirão Pires, sob direção de Maria Emília Faganello. A leitura - na sede do Teatro da Vertigem (Rua Treze de Maio, 240, São Paulo. Tel.: 3255-2713) - começa às 19h30 e a entrada é franca.

"Não tive oportunidade de participar ou ver o projeto antes, mas ouvir falar muito bem. Achei a iniciativa interessante", diz o escritor. Esta será a terceira vez que o trabalho ganha uma montagem teatral. "Houve o convite e aceitei, principalmente por causa da presença do grupo da Vertigem. Vai ser lindo", completa.

O texto foi escrito em 1989 como pedido do diretor teatral - e amigo de Abreu - Francisco Medeiros. O desafio seria escrever uma obra que lembrasse o aniversário de duas décadas do ano de 1969, conhecido como "o ano das grande revoluções". Dessa forma, Guerra Santa questiona a violência e a utopia da icônica data.

A leitura irá apresentar Dante e Virgílio, que dividiam ideias quando mais jovens. Vinte anos depois, os amigos voltam a se encontrar de forma atípica, com Dante tendo o serviço de matar o antigo companheiro. Antes da ação, a dupla relembra as ideologias que discutiam e tudo o que já haviam passado.

Os personagens da alegoria são inspirados em figuras do épico italiano A Divina Comédia. Segundo o autor, o ambiente existente no Brasil de 1969 reflete em muito o que acontece no universo criado por Dante Alighieri (1265-1321). "Meu trabalho fala da dificuldade de grupos pequenos saírem de seus próprios infernos. Havia uma miséria muito grande no País e, assim como no livro, os condenados estão presos à sua realidade", diz Abreu.

A adaptação de Guerra Santa para o Ciclo de Leituras terá a direção da novata Maria Emília de Faganello. Ela já foi a responsável por alguns trabalhos com o Teatro da Vertigem, entre eles a ópera Dido e Enéas e o espetáculo Kastelo.

Curioso quanto a como será a atração, Abreu acredita que sua obra aborda temas que continuam contemporâneos. "O texto tem uma atualidade grande. A violência de Dante é gerada pela indignação e ele mantêm essa guerra contra o poder, que é algo que permanece até hoje", explica o autor.




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