Setecidades Titulo Linha 18-Bronze
Sem monotrilho, região perde ciclovia

Projeto original contempla construção de sete quilômetros de vias, além de bicicletários

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
30/04/2019 | 07:00
Compartilhar notícia
Celso Luiz/DGABC


 A troca do modal da Linha 18-Bronze do Metrô, do projeto original de monotrilho para BRT (sigla em inglês para veículo rápido sobre rodas), pode acarretar na perda de ampliação da malha cicloviária na região. Isso porque o projeto executivo da obra, licitada desde 2014, prevê a implantação, de forma integrada, de ao menos sete quilômetros de ciclovias e bicicletários dispostos nas 13 paradas do sistema, que teria cerca de 15 quilômetros de extensão (ligando a Estação Tamanduateí, da Linha 2-Verde, até São Bernardo, Estação Djalma Dutra). A expectativa é a de que o governo do Estado de São Paulo anuncie qual será o modal até junho.

O Diário esteve na ciclovia construída ao longo da Linha 15-Prata, em São Paulo, e comprovou que o equipamento é bastante utilizado pela população, não só para locomoção, mas também para lazer.

O ajudante José Ismael Lima, 26 anos, faz o trajeto de 15 minutos entre sua casa, na Vila Ivone, até o trabalho, no Jardim Independência, ambos na Capital, há seis meses. Além de tempo – já que de ônibus seriam pelo menos 25 minutos –, Lima também tem ganhado saúde. “Me sinto mais disposto desde que comecei”, relatou.

Entre os grupos de ciclistas da região, a possibilidade de troca do modal e da perda do projeto de ciclovias é encarada com tristeza. Administrador do Corujas Bike Team, de Santo André, o construtor Levi Maximiano, 46, avaliou que, além do meio de transporte proposto ser inferior (o BRT roda com velocidade média de 20 km/h a 30 km/h e o monotrilho entre 28 km/h e 40 km/h), a eliminação da ciclovia tiraria a possibilidade de novos adeptos ao ciclismo irem ao trabalho utilizando a bicicleta como meio de transporte alternativo com o mínimo de segurança.

Segundo o construtor, a adesão seria maior se houvesse oferta de vias segregadas e com mais segurança, nos moldes em que estão sendo planejadas as intervenções junto ao monotrilho. “Incentivar modais de transporte alternativos é função dos governantes, uma vez que a oferta de transporte de massa não supre a demanda”, pontuou. Maximiano destacou que o uso da bicicleta só traz benefícios, tanto para a saúde de quem utiliza quanto para o trânsito, com a redução do número de carros e da emissão de poluentes.

A empresária Priscila Pigozzo, 33, organizadora do Pedal São Bernardo, afirmou que os ciclistas da cidade estão esperançosos com o Metrô e a possibilidade de uma via segredada e qualificada para as bicicletas, além dos bicicletários. “Com certeza preferimos que seja o monotrilho elevado, para podermos ter uma ciclovia bastante extensa, como foi feito na Avenida Professor Luís Inácio de Anhaia Mello, na Vila Prudente, em São Paulo (Linha 15-Prata)”, pontuou.

Coordenador do Pedal São Caetano, o policial aposentado Paulo Roberto de Jesus, 53, acredita que a construção da ciclovia tendo como referência o trajeto do monotrilho seria essencial para a interligação cicloviária entre as três cidades, projeto aguardado há anos pelos ciclistas. “Claro que é preciso pensar na segurança dos usuários, tanto no sentido dos riscos do tráfego quanto de possíveis assaltos e furtos”, ponderou. “Os ciclistas devem ser ouvidos e, juntos com o poder publico, pensar a melhor forma para tirar esse projeto do papel”, finalizou.

 

Sistemas municipais não são integrados

A construção de um sistema cicloviário que integre as cidades da região é uma demanda das pessoas que usam a bicicleta como meio de transporte, mas está longe de se tornar realidade. Em 2013, o Consórcio Intermunicipal do Grande ABC chegou a apresentar projeto para implantação de 52,2 quilômetros de ciclofaixas de lazer nos sete municípios, mas a iniciativa foi abandonada três anos depois.

Sem integração, as cidades contam com 54,5 quilômetros de vias destinadas às bicicletas, entre ciclovias, ciclofaixas e ciclofaixas de lazer (que normalmente funcionam apenas aos domingos e feriados). Santo André é a cidade com maior malha: 13,6 quilômetros de ciclovias, divididos em oito trechos, e 16,5 de ciclofaixas, sendo quatro quilômetros apenas para lazer. A cidade vai rever seu plano cicloviário, aprovado em 2006, em 2020.

São Caetano tem 14,1 quilômetros de ciclofaixas (que funcionam apenas aos domingos) e 2,5 quilômetros de ciclovias. Em Mauá, são 2,5 quilômetros de ciclofaixas e 2,3 quilômetros de faixas de lazer. Há estudos em curso, junto ao Consórcio, para ampliar a quilometragem, informou a administração municipal.

Ribeirão Pires conta com três quilômetros de ciclofaixas de lazer, aos domingos, cujo funcionamento é ampliado durante o verão.

São Bernardo, Diadema e Rio Grande da Serra não responderam até o fechamento desta edição.

 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;