Memória Titulo Entrevista da semana
A comunicação por espelhos do alto da Serra

A importância do Pico do Bonilha e todo simbolismo do Monumento do Pico

Ademir Medici
22/04/2019 | 07:00
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 Os bairros urbanos mais antigos do Grande ABC são centenários, pouco mais, pouco menos. Ipiranguinha é muito antigo. Piraporinha também. Baeta Neves, Barcelona, Vila Conceição e Bocaina aproximam-se dos 100 anos desde que foram loteados.

As nossas localidades rurais são bem mais antigas. São nomes que vão se perdendo no tempo.

Na entrevista concedida ao DGABCTV – e que pode ser assistida em www.dgabc.com.br – o professor Jorge Pimentel Cintra, presidente do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, cita alguns deles: Zanzalá, Caveiras, Ponto Alto, Montanhão. Cita também o Pico do Bonilha, que teve um significado maior além de ser o ponto culminante do Grande ABC.

Professores e estudantes, principalmente, acompanhem esta história. Telefone, internet, WhatsApp? Qual o quê: a comunicação se fazia por espelhos...

A captação no Monte Serrat

Da aula do professor Jorge Cintra

Estamos decifrando o trecho do Planalto: Zanzalá, Caveiras, Ponto Alto, Montanhão e o Bonilha, onde funcionavam os telégrafos.

Não havia energia elétrica. Como é que eu vou subir a Serra? Lá em cima do Pico do Bonilha havia sempre alguém.

Eu imagino o seguinte – e aqui deixo bem claro tratar-se de imaginação: havia um horário combinado de transmissão, que seria no começo da manhã e no começo da tarde. Transmissão por espelhos.

Espelhar imagens, espécie de Código Morse – sim, não; traço, ponto...

Trata-se de suposição: como é que você transmite algo lá de baixo aqui para cima? Provavelmente seria entre o Monte Serrat, em Santos, e outro ponto no Alto da Serra, onde está o Pouso Paranapiacaba (a chamada primeira casa de pedra).

Na Calçada do Lorena havia um monumento, o Monumento do Pico, com quatro placas, monumento que foi recuperado por Washington Luís quando da pavimentação da Estrada do Mar. As placas tinham caído no meio do mato:

Omnia Vincit Amor ou Amor Vincit Omnia, que é uma frase em latim inspirada em Virgilio e que significa “o amor vence tudo, o amor tudo suporta”.

Foi Bernardo José Lorena (governador de São Paulo) quem mandou colocar essa frase, em 1792, quando da inauguração da calçada que leva o seu nome. Uma estrada que venceu a Serra com toda a dificuldade encontrada. Uma perfeição, com suas 180 curvas, muros de arrimo, sistema de drenagem nas laterais para evitar a destruição pelas águas. A exportação paulista foi possível graças à Calçada do Lorena.

Está em nossas mãos recuperar totalmente a Calçada do Lorena. Ela cruza o Caminho do Mar e vai do Monumento do Pico, no Planalto, ao Cruzeiro Quinhentista, lá embaixo.

NOTA DA MEMÓRIA

Convidamos o professor Jorge Cintra a nos acompanhar na próxima escalada ao Pico do Bonilha. Ele topou na hora. O passeio será entre agosto e setembro, no aniversário de São Bernardo.

Prezado secretário José Pagliuca (Meio Ambiente de São Bernardo), prezado diretor Giba Marson – Memória tem uma dívida de gratidão com os senhores: será muito importante formalizar um convite ao professor Jorge. Aprenderemos muito com ele. Vamos filmar essa sua aula do ponto mais elevado do Grande ABC.

Memória na TV

Entrevista da semana: professor Jorge Pimentel Cintra, presidente do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo

No ar: www.dgabc.com.br

Aulas anteriores

1) Quinta-feira, dia 18 - O Grande ABC redescoberto

2) Sexta-feira, dia 19 - São Paulo ganha um instituto histórico

3) Sábado, dia 20 - O tropeirismo e o Ciclo do Açúcar

4) Domingo, dia 21 - De tantas em tantas léguas, os pousos




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