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Após audiência, Atila deixa a PF e vai para o CDP de Pinheiros

Prefeito de Mauá, preso pela 2ª vez, é acusado de receber propina e pagar mesada a vereadores

Por Júnior Carvalho
Daniel Tossato
15/12/2018 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Preso na quinta-feira pela PF (Polícia Federal) pela segunda vez, o prefeito de Mauá, Atila Jacomussi (PSB), foi transferido ontem para o CDP (Centro de Detenção Provisória) de Pinheiros, na Zona Oeste da Capital, após passar por audiência de custódia.

Atila é acusado de ser um dos principais beneficiários de propina mensal na ordem de R$ 500 mil que era paga, segundo as investigações, por dez fornecedoras do Paço de Mauá de vários setores, entre eles de uniforme e material escolares. O socialista foi detido na manhã de anteontem, no âmbito da Operação Trato Feito, e encaminhado à sede da PF paulista, localizada na Lapa. Além do socialista, também foi preso de novo o ex-secretário João Gaspar (PCdoB, Governo e de Transportes), braço direito de Atila.

Pela LOM (Lei Orgânica do Município), o chefe do Executivo pode ficar afastado por até 14 dias sem justificativa. O prefeito também pode se ausentar por mais 30 dias, sem receber salário, se pedir autorização da Câmara. Por enquanto, assim como ocorreu na primeira vez em que Atila foi preso (ficou 126 longe da cadeira), em maio, é o atual secretário de Governo, Israel Aleixo, o Bell (PSB), quem toma as rédeas no Paço de Mauá.

A PF também acusa 21 dos 23 vereadores, além de um suplente, de receberem Mensalinho de Atila em troca de apoio político para o governo na Câmara. As mesadas, segundo a PF, eram maiores ou menores, dependendo do vereador. Apenas dois parlamentares não foram acusados de serem beneficiados do suposto esquema: o oposicionista Marcelo Oliveira (PT) e o governista Chico do Judô (Patriota), que retornou ao Legislativo recentemente – estava licenciado para comandar a Secretaria de Serviços Urbanos. Parte desses parlamentares foi ouvida pela PF e dispensada em seguida. A instituição chegou a pedir o afastamento deles do mandato, mas a Justiça negou o pedido alegando que isso poderia acarretar em situação de “ingovernabilidade” do município.

Ontem pela manhã, a equipe de reportagem do Diário percorreu pelos corredores do Legislativo mauaense e o clima estava aparentemente tranquilo, bem diferente da tensão que tomou conta da Casa quando a PF bateu nos gabinetes dos parlamentares acusados e apreendeu documentos.

A Trato Feito é um desdobramento da operação colocada na rua em maio, a Prato Feito, que culminou com a prisão de Atila e de Gaspar. Na ocasião, a PF encontrou dinheiro vivo (real e euros) na residência da dupla. Ambos foram soltos por força de liminar do ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

Na operação de quinta, a PF apreendeu, ao todo, R$ 372,1 mil em espécie, além de US$ 150,3 mil (R$ 586,8 mil) e 29.465 euros (R$ 130,5 mil) em cinco residências. Os policiais cumpriram mandados de busca e apreensão nas sedes das empresas envolvidas e na residência dos seus respectivos donos, localizadas em Mauá, na Capital e em Mogi das Cruzes. Foi registrada uma prisão em flagrante, mas a PF não divulgou o nome de quem foi detido, sob acusação de lavagem de dinheiro.

Atila nega as acusações e o advogado do prefeito, Daniel Bialski, antecipou que recorrerá ao STF para garantir a liberdade do socialista. A Prefeitura de Mauá também nega as ilegalidades nas licitações. 




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