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Empresa do ABC vê na Índia ‘negócio da China’
Por Anderson Amaral
Do Diário do Grande ABC
25/06/2006 | 08:27
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A Apema, fabricante de trocadores de calor e resfriadores industriais com sede em São Bernardo, prepara-se para desembarcar no emergente mercado da Índia. A empresa negocia com uma companhia daquele país a criação de uma joint venture para transferência de tecnologia e montagem de fábrica para a produção de um sistema de resfriamento de água industrial desenvolvido na região.

O primeiro contato com a companhia indiana, cujo nome é mantido em sigilo, ocorreu em janeiro durante a AHR Expo, a mais importante feira de ventilação, ar-condicionado, refrigeração e aquecimento do mundo, realizada em Chicago, nos Estados Unidos. “Nosso objetivo era consolidar a empresa no mercado sul-americano, mas fomos surpreendidos pelo interesse dos indianos no sistema”, admite o gerente comercial James José Angelini.

Com a joint venture, a Apema quer reforçar sua atuação no mercado externo, que atualmente garante 5% do faturamento da empresa, de R$ 20 milhões no ano passado. Para 2006, a estimativa é de crescimento de 20% na receita, amparado sobretudo nas vendas do novo sistema de resfriamento e na ampliação das exportações para países como a República Dominicana.

A participação da Apema na AHR Expo foi viabilizada por um projeto conjunto da Abrava (Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação e Aquecimento) e da Apex (Agência de Promoção de Exportações e Investimentos). O programa prevê a realização de ações de promoção comercial e apoio técnico às empresas do setor que possibilitem a conquista de novos mercados.

“Graças ao Abrava Exporta (como é chamado o projeto), tivemos acesso a pesquisas de mercados e participamos de feiras e missões empresariais nos EUA, na Argentina, no Chile e Uruguai”, revela o gerente da Apema – que, na Índia, também foi sondada por uma empresa de Bangladesh em busca de parceria.

Participação – Iniciado em agosto de 2004, o Abrava Exporta entra na segunda fase com 13 empresas. Na primeira etapa, o programa teve a participação de 11 companhias, que receberam aporte de quase R$ 800 mil da Apex. No total, foram exportados US$ 900 mil até fevereiro, montante inferior à meta de US$ 1,2 milhão. Agora, a expectativa é de vendas de US$ 1,8 milhão até maio do próximo ano.

Para alcançá-la, a Abrava prevê a participação das empresas em sete feiras internacionais do setor, em duas missões de negócios e em seminários e cursos sobre comércio exterior, além da divulgação de três estudos.

Única empresa da região no projeto, a Apema foi fundada em 1964 pelos irmãos Albrecht e Werner Dietz. Foi em Sindelfingen, cidade situada nos arredores de Stuttgart, berço da indústria automotiva alemã, que os irmãos Dietz acumularam conhecimento sobre o assunto, depois utilizado para construir a indústria de refrigeração e ar-condicionado do Brasil, à época ainda insipiente. E não há exagero nisso, afinal, a Apema é uma das fundadoras da Abrava.

Atualmente, o setor reúne 96 mil empregados com carteira assinada e, no ano passado, faturou R$ 16 bilhões. Desse total, 30% referem-se a exportações, segundo o presidente da entidade, Carlos Trombini.

Para este ano, o empresário estima crescimento de 10% na receita total do segmento, a despeito do quadro de apenas discreta recuperação no mercado interno e do câmbio desfavorável. “Fizemos uma avaliação e, no atual cenário, precisaríamos de uma cotação a R$ 2,90 para sermos competitivos no mercado internacional”, avalia Trombini, engrossando o coro dos descontentes com o real valorizado.



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