A médica explica que, há alguns anos, nos Estados Unidos, houve o uso exagerado de propagandas com modelos muito magras, "só pele e osso e, o que é pior, cara de quem está drogada", acrescenta. Isto acarretou nos jovens o desejo de magreza a ponto de trazer o aumento de doenças como a anorexia nervosa.

Segundo a Agência Brasil, a doença se caracteriza por regimes excessivos. A pessoa perde muito peso e continua se achando gorda, mesmo estando muito magra. A idéia passa a nao mais corresponder ao peso real. "A doença é muito grave e pode levar à morte porque as pessoas nao se alimentam", adverte Zornig.

Os meninos também sao atingidos. Apesar das meninas se sacrificarem mais, em geral, na busca pelo corpo perfeito, eles também passam por problemas devido ao culto ao corpo. O excesso de exercícios físicos na busca por músculos pode fazer mal se feito com exagero.

A bulimia é outra doença causada pelos problemas de aceitaçao do físico. Ela pode vir associada a anorexia. A característica da bulimia é que a pessoa come e depois vomita. Além disso, tem surtos na qual nao pára de comer. A psicanalista diz que os dois distúrbios estao ligados a imagem corporal. "Esta imagem atinge o corpo físico, mas está muito mais ligada a imagem mental que a pessoa tem do seu corpo", esclarece.

Silvia Zornig avisa que os problemas com o corpo sao, muitas vezes, conseqüências de problemas na estrutura familiar. "A criança nao consegue verbalizar como o adulto, por isso apresenta outros sintomas".

Crianças que estao sempre doentes e que nao apresentam causas orgânicas para isso, que se acidentam demais e estao sempre machucadas podem estar com problemas, alerta a médica. Aquelas crianças que sao muito introvertidas, inibidas ou tristes e, principalmente, que nao brincam. "Brincar - diz - é a maneira de a criança se divertir, desenvolver, expressar criatividade e lidar com seus conflitos. Muitas vezes, quando a menina brinca com a boneca ela repete situaçoes reais".

Para a psicanalista, os pais muitas vezes causam um grande dano a auto-estima da criança ao incentivá-la para cultuar o corpo, com a falsa idéia de que eles precisam ser muito bonitos para sobreviverem e serem felizes, "os filhos sentem-se desvalorizados por nao conseguirem obter esse ideal".

Segundo a especialista, "se os pais nao vêem os filhos com suas características individuais e nao passam valores mais fundamentais isso vai causar profundos danos", adverte. Silvia Zornig lembra que, hoje, o ideal de beleza é mais feminino.

"Apesar da magreza, valoriza-se um cabelo bonito e um corpo mais feminino e saudável", justifica, acrescentando que, apesar de ser um ideal difícil de ser atingido, reforça hábitos saudáveis.