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S.Caetano: uma década de vitórias
Por Divanei Guazzelli
Da Redaçao
23/07/2000 | 19:39
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A história da Associaçao Desportiva Sao Caetano é recente, tem pouco mais do que uma década. Mas na breve existência, a marca registrada do clube, novo integrante do principal grupo de elite regional do Brasil, tem sido a contrataçao de jogadores consagrados e ascensoes meteóricas. Assim, se hoje o artilheiro Túlio é o jogador que simboliza a equipe, o primeiro acesso, em 1990, foi marcado pela presença do ex-zagueiro Luiz Pereira, sempre incluído em qualquer seleçao dos melhores do futebol paulista e brasileiro, e de uma das primeiras revelaçoes do Sao Caetano, o meia Paulinho Kobayashi. Os dois acessos seguintes, em 1991 e 1992, tiveram, além de Luiz Pereira, o lateral-esquerdo Wladimir, o atacante Agnaldo (no primeiro) e a irreverência e os gols de Serginho Chulapa. Em 1998, na subida para o Grupo A-2 paulista e para a Série C do Campeonato Brsileiro, os principais jogadores nao eram tao famosos, mas nem por isso menos eficientes. Foram os casos do hoje selecionável goleiro Sílvio Luiz, da estável dupla de zagueiros Daniel/Dininho, do volante Márcio Griggio e do volante/meia Magrao.

O Sao Caetano herdou o futebol profissional na cidade do Saad, clube fundado pelo empresário Felício Saad e que levava o nome de sua família e de sua empresa. Em 1973, a equipe conquistou uma competiçao chamada Torneio dos Dez e que valeu o acesso, a título precário, para a entao Primeira Divisao. O acesso da forma como é conhecido há meio século estava suspenso desde 1972 e só voltaria em 1976. Nos dois anos de campeonato principal, o Saad chegou a ganhar do Santos com Pelé, na Vila Belmiro, do Sao Paulo com Pedro Rocha, no Morumbi, e a empatar com o Palmeiras, base da Seleçao Brasileira de 1974, no Parque Antártica. No fim de 1975, no entanto, com a mudança na presidência da Federaçao Paulista de Futebol - saiu o empresário José Ermirio de Moraes Filho e foi eleito o também empresário Alfredo Metidieri, apoiado pelos pequenos - o Saad deixou o campeonato, voltou para a divisao de acesso, da qual nunca mais saiu até acabar com o profissionalismo.

Vôo próprio - Em setembro de 1988, havia terminado a cessao em comodato do entao estádio Lauro Gomes de Almeida para o Saad. O prefeito Luiz Tortorello (PTB), esportista apaixonado, decidira em seu mandato por uma reforma completa no local. Ele até admitia que o Saad poderia continuar a utilizar o Lauro Gomes, porém, somente após a reforma. Mas sem a renovaçao do comodato, o empresário preferiu deixar Sao Caetano após 28 anos, transferindo-se para Aguas de Lindóia, onde o time durou só até o início dos anos 90.

A mudança, no entanto, permitiu a fundaçao, em 4 de dezembro de 1989, da Associaçao Desportiva Sao Caetano. Já no primeiro ano, no que era denominada a quarta divisao do futebol paulista, onde se encontram hoje Palestra, Grêmio Mauaense e Sao Bernardo, o Sao Caetano foi um dos principais participantes. Nao era para menos: a equipe, treinada por Zelao, contava, entre outros, com Luiz Pereira, revelado no futebol amador da cidade. A subida foi muito fácil até porque, numa competiçao seletiva, a maioria nao teve problemas para garantir vaga.

Na terceira divisao a competitividade foi muito maior. O Sao Caetano enfrentou, nas etapas eliminatórias, equipes habituadas ao campeonato e que viviam, na época, período favorável, como o Uniao Suzano e o Oeste, de Itápolis. Mas o time do Grande ABC chegou à final, assegurou o acesso e, mais do que subir, foi o campeao ao empatar em Rio Claro, com o Velo Clube, que também garantiu vaga.

A elite - Em 1992, o Sao Caetano já estava a um passo de disputar o grupo de elite. Os adversários, obviamente, eram mais qualificados, como Nacional, Taquaritinga, Taubaté e Sao Bento, todos com passagens pela divisao principal. De novo, porém, a equipe do Grande ABC tinha um dos melhores elencos e, apesar de ter utilizado vários treinadores, como Oscar Amaro e Valter Zaparolli, chegou ao quadrangular final com Taubaté, Sao Bento e Taquaritinga. Além de Serginho Chulapa, o quarto-zagueiro Carlao, ex-Palmeiras e dono de um chute poderoso com a canhota, o lateral-esquerdo Airton, ex-Sao Paulo, o volante Helinho, novamente Paulo Kobayashi e o atacante Marcao eram os mais conhecidos.

Na última rodada, o Sao Caetano, por pouco, nao viu o acesso escapar. Perdia por 2 a 0 para o Taquaritinga em pleno Anacleto Campanella, mas a igualdade em dois gols garantiu a subida e a festa.

Apesar das reformulaçoes que marcaram o Campeonato Paulista no início dos anos 90, a divisao da qual o Sao Caetano participaria, em 1993, era de fato a de elite. A divisao em dois grupos, um com os principais classificados da temporada anterior e outro com os piores colocados e com os que haviam acabado de subir, permitia o cruzamento e até mesmo a conseqüente disputa do título. A temporada permitiu também os dois primeiros clássicos oficiais com o Santo André.

Mas o Sao Caetano nao conseguiu ficar entre os quatro primeiros colocados, os que estavam assegurados para o Paulistao de 1994 quando nova reformulaçao foi feita pela Federaçao. Fora os quatro melhores, os demais acabaram disputando o Grupo A-2 em 1994, quando a equipe da regiao passou por um período desfavorável a que estao sujeitos todos as equipes. O time nao resistiu, caiu para o A-3 e nas duas temporadas seguintes, em 1995 e 1996, o risco de nova queda, para o entao B-1 (A), rondou o Sao Caetano.

A profissionalizaçao - Em novembro de 1996, porém, surgiu a situaçao que transformaria definitivamente a vida do clube, projetando-o até mesmo no cenário nacional. A empresa Datha Representaçoes, do dirigente José Carlos Molina, ex-goleiro no amadorismo e profissionalismo do Grande ABC, assumiu a responsabilidade pelo futebol do Sao Caetano. Começava, entao, a ser montada a base para a disputa do A-3 em 1997, com o propósito de retornar ao A-2.

No primeiro ano de participaçao da empresa, o propósito quase foi alcançado, pois o Sao Caetano se classificou para o quadrangular final, perdendo o acesso para Mirassol e Uniao Barbarense. Em agosto, assim que terminou o A-3, o clube fez o que poucos, ou nenhum, no Brasil ousava fazer: iniciou a montagem da equipe a seis meses do início de nova temporada. A diretoria contratou o técnico Luiz Carlos Ferreira, que vinha de acessos consecutivos, o mais importante obtido pela Matonense, também em 1997, para o A-1.

Com a preparaçao antecipada, necessidade que a maioria despreza, o Sao Caetano também procurou formar uma base que até hoje é mantida. Em pouco tempo, jogadores como o goleiro Sílvio Luiz, os zagueiros Daniel e Dininho e o volante/meia Magrao garantiam o seu espaço. Além deles, os laterais Nelsinho e Marcao (que posteriormente atuou pelo Atlético-MG), os volantes Bigu e Márcio Griggio e os atacantes Táxi (herói do acesso da Matonense) e Raudnei consolidavam a qualidade do time. Por isso, o primeiro acesso da nova era, contra o Taubaté, em agosto de 1998, para o A-3, foi compatível com o planejamento e o grau de profissionalizaçao do clube. Tanto assim que o grupo foi mantido para a Série C do Campeonato Brasileiro, competiçao que ainda carrega certo grau de rejeiçao entre várias equipes, que preferem somente preparar uma base das categorias menores para a temporada estadual do ano seguinte. O Sao Caetano manteve a força e, de novo, subiu, desta vez para a Série B nacional, ao lado do Avaí, de Santa Catarina.

A consagraçao por pouco - Em 1999, depois de um começo irregular, o que provocou a substituiçao do técnico Vica por Luiz Carlos Martins, hoje auxiliar técnico de Oswaldo Alvarez, o Vadao, no Corinthians, o Sao Caetano esteve perto de superar a façanha do início da década, a dos três acessos consecutivos. Em Sao Paulo, já reforçado com a volta do meia Leto e com as contrataçoes do meia Zinho e do atacante Sílvio, só perdeu o acesso na última rodada para o rival Santo André, que venceu por 1 a 0, mas também nao subiu porque o América de Sao José do Rio Preto garantiu a vaga ao empatar com o Botafogo. No Brasileiro, o time liderou toda a fase classificatória, era a sensaçao por onde passava, mas caiu nas semifinais, eliminado pelo Santa Cruz, que subiu com o Goiás. Mesmo assim, a Associaçao Desportiva Sao Caetano já estava com o espaço garantido na história, mais do que nunca consolidado com a conquista deste domingo.




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