De olho no transito Titulo
Cobrança pelo congestionamento

O trânsito é um dos maiores problemas nas cidades médias e grandes...

Cristina Baddini
31/08/2012 | 00:00
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O trânsito é um dos maiores problemas nas cidades médias e grandes. Para começar, mata. Emporcalha o ambiente. Os veículos despejam todo ano milhões de toneladas de substâncias nocivas na atmosfera e é a principal fonte de poluição do nosso ar. Torna mais vulnerável a segurança da população, pois não faltam ocorrências de arrastões e assaltos nos congestionamentos. Rouba dos cidadãos um tempo que jamais será recuperado. Os paulistanos perdem, em média, quase três horas por dia nas imensas filas. Em São Paulo a velocidade média dos veículos é de 15 km/h no horário de pico.

Além de torrar a paciência, o motorista também queima dinheiro nas ruas congestionadas. Várias pesquisas já foram feitas sobre estimativas de prejuízo dos congestionamentos para a cidade. Levantamento feito pelo banco Citigroup mostra que as grandes cidades do Brasil perdem 5% de sua produtividade com congestionamentos. Outro estudo da FGV (Fundação Getulio Vargas) calcula que as perdas causadas pelo trânsito em São Paulo chegam a R$ 33,5 bilhões por ano, o equivalente a 9,4% do PIB (Produto Interno Bruto) na época. O valor é a soma dos R$ 27 bilhões que a população deixa de produzir enquanto fica parada, com outros R$ 6,5 bilhões resultado do aumento de gastos com combustíveis, Saúde pública etc. 

O TRÂNSITO AFETA A ECONOMIA
A ideia de cobrar uma taxa pela circulação de automóveis em regiões centrais é polêmica e sua implantação nas cidades vem sendo discutida há anos. É uma medida necessária, mas enfrenta muita resistência política por ser impopular.

Alguns poucos reais deveriam ser pagos pela circulação e toda a arrecadação deveria ser destinada à construção de outros corredores de ônibus e metrô. Não haveria a necessidade de cancelas. O controle poderia ser feito eletronicamente, por meio de chips instalados em todos os veículos da frota. Trata-se de solução benéfica, simples e necessária. 

É inevitável comparar a Londres de dez anos atrás à São Paulo de agora. A capital inglesa é a prova viva de que os gravíssimos problemas de trânsito que sufocam a maioria das metrópoles do planeta não se resolvem apenas com o transporte público. As autoridades britânicas perceberam que é necessário restringir e taxar de alguma forma o uso do automóvel em determinadas áreas e com regras claras. Os carros, não os ônibus, são os causadores dos engarrafamentos. 

EM LONDRES TEM
Na capital inglesa, onde o programa funciona desde 2003, não se fala em pedágio urbano, mas em ‘cobrança pelo congestionamento'. Lá, circular pelo centro de segunda a sexta-feira custa a partir de R$ 24 por dia, tarifa que varia segundo a forma de pagamento. Apesar de impopular no início, o modelo é bem aceito hoje. Pudera: 85 mil veículos, numa frota total de 3 milhões de carros, deixaram de circular pela região, o que representa queda de 27%. 
O pedágio urbano, como o rodízio, é tema espinhoso e antipático para a maioria, até que seus resultados positivos apareçam. Mas precisa ser discutido, sem populismo, com seriedade e com coragem. Antes que as cidades parem de vez.

COMO FUNCIONA EM LONDRES
Implantação: fevereiro de 2003;
Abrangência: 21 quilômetros quadrados na região central, de segunda a sexta, das 7h às 18h; 
Efeitos imediatos: redução de 30% nos congestionamentos e aumento de circulação de outros meios de transporte na área (23% para ônibus, 17% para táxis e 20% para bicicletas) e crescimento da velocidade média de 14,3 km/h para 17,3 km/h; Como é o controle: 197 câmeras fazem a leitura da placa e o condutor pode pagar a fatura por meio de débito automático, cartão de crédito, SMS, lojas autorizadas e outras formas;
Quanto custa: 10 libras (R$ 32) para cada dia que o carro passar pelo perímetro pedagiado. Moradores da área podem requisitar descontos que chegam a 90%; 
Quem é isento: motocicletas, bicicletas, táxis, veículos de emergência e carros usados por pessoas com deficiência física. 




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