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Gripe suína preocupa moradores em Diadema
Por André Vieira
Do Diário do Grande ABC
27/07/2009 | 07:00
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Morta sábado com suspeita de ter contraído o vírus influenza A (H1N1), Everaldina Jesus Morato, 56 anos, teve o corpo enterrado na manhã de domingo no Cemitério Vale da Paz, em Diadema, mesma cidade onde morava. A dona de casa, que foi internada quinta-feira no Hospital Mário Covas, em Santo André, com pneumonia e apresentando também sintomas da doença, era vizinha da menina de 1 ano e meio que morreu no dia 18 vítima da gripe suína. Se o resultado do exame, que deverá ser divulgado ainda nesta semana, confirmar a contaminação, a dona de casa será a segunda vítima fatal da infecção no Grande ABC.

Mais pesarosos com a perda do ente do que temerosos com o avanço da pandemia, os familiares e amigos de Dona Vera, como era popularmente conhecida, pouco falaram sobre uma possível contaminação. De todos que participaram do último adeus, apenas os quatro coveiros estavam com o rosto parcialmente coberto por máscaras de proteção.

Apesar do clima de medo que se instalou na rua, cerca de 50 moradores do bairro Campanário compareceram ao enterro de Everaldina. Uma das vizinhas diz que as pessoas estão apreensivas, mas ainda não se mobilizaram para cobrar providências das autoridades. "O bairro inteiro está apavorado, mas falta orientação. Alguns estão usando máscaras, mas não se lembram de lavar as mãos. Isso não adianta." Outro vizinho diz que discutiu com a namorada porque ela não queria que ele fosse ao cemitério. "Ela estava com medo de pegar a gripe e acabamos brigando. No fim, eu fui e ela não."

O marido de Everaldina, o porteiro Arnaldo Morato, 51 anos, reiterou durante o sepultamento as críticas que havia feito ao Diário sobre o serviço de Saúde prestado pelo município. "Ela está com Deus, eu sei, mas talvez ainda estivesse viva se recebesse de imediato o atendimento necessário."

Segundo o porteiro, ainda no leito do Mário Covas, Everaldina se despediu dele dizendo que "não voltaria mais para casa." Na mão esquerda, o porteiro carregava a joia que pertencia à esposa, com quem havia se casado há 30 anos. "No hospital, pediram para que eu tirasse dela. Coloquei no meu dedo e não sei até quando vou continuar usando."

Religiosidade - O sepultamento foi acompanhado por cerca de 150 pessoas. Além de familiares e amigos, muitos frequentadores da Igreja Universal do Reino de Deus foram ao cemitério prestar homenagem. A presença dos religiosos fez com que o velório se transformasse em uma grande manifestação de crença. Em volume alto, músicas eram cantadas repetidas vezes. Quando o pastor improvisou algumas palavras de despedida antes que o corpo fosse levado, muitos se aproximaram do caixão, mas nem todos puderam acompanhar a cerimônia de dentro da sala.




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