Policiais militares que resgataram três crianças de um incêndio se reecontraram com as vítimas na tarde de ontem. Para eles e o pai de Ingrid, 13 anos, Marina, 10, e Max, 8, o caseiro Manoel Marques Lobato, 35, será difícil esquecer a véspera de Natal de 2010, quando a casa da família no bairro Tatetos, zona rural do Riacho Grande, em São Bernardo, pegou fogo.

Naquela tarde de sexta-feira, Manoel e sua mulher, a doméstica Ivanete Deodoro Lobato, 34, estavam no trabalho - como fazem todos os dias -, deixando as crianças sob cuidados de parentes que dividem o mesmo quintal. São cinco casas em um único espaço. Em uma delas estavam os pequenos.

Para agradar os pais, Marina decidiu colocar o peru para assar no forno de um fogão novo de quatro bocas. No entanto, minutos depois o fogo tomou conta do fogão e rapidamente se alastrou pela cortina, parede da casa feita de madeira e fiação elétrica. Com o calor, as telhas de fibra começaram a estourar e o pânico tomou conta das crianças.

"É uma rua sem saída. Passamos uma vez no local e não percebemos. Mas, na volta, depois de manobrar o veículo, vimos a labareda, bem próximo da porta, e as crianças estavam lá dentro. Nosso primeiro impulso foi tirá-las de lá. E foi o que fizemos", contou o soldado Djalma Alves Santos, 39 anos, que teve queimaduras leves na mão direita. Enquanto combatia o incêndio, seu parceiro, o soldado Salomão Siqueira Frentas, 46, ligava para o Corpo de Bombeiros, de uma casa vizinha, já que a área é distante e nem o rádio da viatura ou celular funcionaram.

Muito emocionada, Marina disse que colocou o peru no forno a pedido da tia, mas prometeu ser mais cuidadosa. O pai lembra da filha com emoção e carinho: "Ela quis ajudar a gente, eu sei que não foi por mal. Ela sempre foi a mais sabida e mais danada". E o peru? Também foi salvo e assado na casa da avó da menina.