Vereador eleito de São Paulo, com 301,4 mil, o ex-senador Eduardo Suplicy (PT) participou ontem de extensa agenda eleitoral no Grande ABC, comparecendo a atividades com os prefeitos de Santo André, Carlos Grana (PT), pela manhã, e de Mauá, Donisete Braga, no período da tarde, praticamente fechando a reta final da campanha de segundo turno do pleito. Considerado hoje figura de maior visibilidade da sigla, Suplicy realizou caminhada em centros comerciais ao lado de ambos os correligionários, que tentam a reeleição. Ele é o primeiro e único quadro externo de expressão do petismo que desembarca em ato para pedir votos às empreitadas da legenda nesta etapa derradeira.

Em Santo André, Grana e Suplicy, acompanhados de centenas de militantes, iniciaram, primeiramente, atividade no largo da Vila Luzita, por volta das 10h. Na sequência, eles entraram em ônibus no terminal e foram até a Estação Celso Daniel, no Centro. Andaram pelo Boulevard Itambé, espécie de shopping popular, e seguiram a pé até o calçadão da Rua Coronel Oliveira Lima, somando mais de três horas de andança.

Suplicy falou em percepção de entusiasmo por Grana seguir por mais quatro anos. Segundo ele, há grande respeito por tudo o que o PT local desde o prefeito Celso Daniel (morto em 2002), João Avamileno e com o atual chefe do Paço tem realizado, sobretudo, “aperfeiçoando a cada momento a forma de participação popular nas decisões do Executivo”.

Grana justificou que a campanha curta inviabilizou a agenda com mais figuras externas. “Sou candidato à reeleição. Quem está em julgamento não são meus apoios, são meu governo, minhas realizações e o que proponho para a cidade no futuro. A prioridade é o Grana presente.”

O ex-senador frisou reflexão de profundidade entre todos do PT para “conseguir levar adiante propósitos maiores que constituíram a fundação” do partido, em 1980. “Quando, às vezes, me perguntam se vou continuar no PT em que pese terem ocorrido problemas de diversas ordens, eu, normalmente, digo: ‘Quando se está em grande organização com mais de 1,8 milhão de pessoas filiadas e algumas cometem erros, às vezes gravíssimos, constitui meu dever procurar tomar medidas para prevenir e corrigir esses erros’”. Grana alegou que o convite se deu pelo pensamento parecido com Suplicy em relação aos princípios e resgate do partido. “Há essa identidade, além da sua credibilidade.”

As campanhas petistas da região quase que não contabilizaram presença de lideranças da cúpula, após desgaste institucional na esfera nacional. Foram raras as aparições de representantes de fora tanto no primeiro turno quanto na etapa final, totalizando 73 dias oficiais de corrida eleitoral. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou somente em único ato, na véspera da fase inicial em apoio à candidatura de Tarcisio Secoli em São Bernardo e o ex-candidato a governador Alexandre Padilha visitou Mauá, diferentemente da fórmula adotada pelo tucanato, que apostou em expoentes do partido, como o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, dos senadores José Aníbal e Aloysio Nunes e do chanceler, José Serra, além do prefeito eleito da Capital, João Doria. 

Em Mauá, Donisete cola em ex-senador

De olho na virada na reta final do segundo turno, o prefeito de Mauá e candidato à reeleição, Donisete Braga (PT), aproveitou a vinda do ex-senador e vereador eleito da Capital Eduardo Suplicy (PT) à região ontem para cumprir agenda com o petista na cidade.

Ao lado de Suplicy, do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), do seu candidato a vice, Cleber Broch (PTB), e de militantes do partido, Donisete visitou diversos comércios nos bairros Jardim Itapeva e Jardim Zaíra. Vários munícipes paravam para pedir selfie com o ex-senador. Uma senhora cumprimentou Suplicy e disparou: “Você é o único honesto no PT”. O ex-senador não reagiu e seguiu a caminhada. 

Suplicy evitou comentar sobre a derrocada do PT no Grande ABC no primeiro turno – ficou de fora desta etapa do pleito em São Bernardo e Diadema –, mas frisou ser importante a vitória de Donisete e Grana. As duas cidades são umas das únicas onde o petismo concorre no segundo turno. “A vitória do PT corresponde à efetiva melhoria da qualidade de vida de todos os habitantes em Mauá e em Santo André. Significa a continuidade daquilo que é importante. Não é apenas escolher o prefeito, mas também um gestor que tenha preocupação de ter a sua gestão influenciada pela vontade dos governados”, despistou o ex-senador. 

Durante a abordagem de Donisete com eleitores, sobraram críticas ao rival Atila Jacomussi (PSB). “O que ele promete é impossível de ser executado. Nem se ele fosse governador conseguiria cumprir”, argumentava o prefeito. A todos com quem conversava, Donisete apresentava seu companheiro de chapa, estreante na política.