Setecidades Titulo
Estado vai apurar ‘caso-Esquadrão’
Por Marco Borba
Do Diário do Grande ABC
27/06/2006 | 07:55
Compartilhar notícia


A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo garantiu ontem que a Corregedoria de Polícia vai apurar o caso do policial do 1º DP de Santo André que tem colado no pára-brisa dianteiro de seu veículo, um Golf prata, adesivo com os dizeres Scuderie Detetive Le Cocq E.M.Brasil. O emblema é do Esquadrão da Morte, principal grupo de extermínio que autou no país e foi responsabilizado por diversos assassinatos durante o regime militar.

De acordo com a secretaria do Estado, o núcleo da Corregedoria, em Santo André, aguarda o delegado titular do 1º DP, Fábio Dal Mas, encaminhar um ofício com explicações sobre o caso para começar a apurá-lo.

Segundo a secretaria, até o final da tarde de ontem o ofício ainda não havia chegado ao núcleo da Corregedoria. O órgão de segurança garantiu, no entanto, que o delegado já está providenciando o documento e que o mesmo será encaminhado o “mais breve possível”. Informou ainda que só depois que receber o ofício é que a Corregedoria poderá se manifestar sobre o caso. O delegado não foi localizado ontem no início da noiter para comentar o assunto.

O ouvidor da Polícia, Antônio Funari Filho, não foi localizado para dizer se vai apurar o caso. A assessoria de imprensa da Ouvidoria da Polícia informou que Funari Filho estava em compromissos externos em Brasília, mas que tentaria colocá-lo em contato. O que não ocorreu até o fechamento desta edição.

Na última sexta-feira, ocasião em que o veículo foi flagrado no estacionamento do 1º DP de Santo André, o delegado Fábio Dal Mas disse não tinha conhecimento do adesivo no carro de seu funcionário e que primeiro ia verificar o fato para depois ver que atitudes poderia tomar.

O carro está registrado em nome de Marcelo Rodrigues Pereira. O policial que se identificou como proprietário do carro se recusou, na sexta-feira, a dizer o nome. Negou ser justiceiro ou fazer parte do esquadrão. Ele diz que comprou o carro com o adesivo. Não explicou, porém, há quanto tempo tem o veículo ou quem era o antigo proprietário.

Segundo o policial, o adesivo ainda estava colado no pára-brisa porque o vidro teria película protetora e que para remover o símbolo teria de arrancar o insulfilm. Ontem a reportagem do Diário passou novamente pelo 1º DP (rua Xavier de Toledo, no Centro) e não encontrou o Golf no estacionamento.

Esquadrão – A Scuderie surgiu na década de 1960 no Rio de Janeiro, para vingar a morte do policial carioca de origem francesa Milton Le Coq, assassinado por um criminoso. O grupo era formado por policiais, advogados, militares e políticos e se espalhou por diversos estados brasileiros. O auge do esquadrão ocorreu no período militar. A Scuderie perdeu força na década de 1990, após a redemocratização do país.

A apologia ao grupo voltou à tona porque dois policiais apareceram com o emblema nas camisetas durante sessão na Assembléia Legislativa de São Paulo. O fato ocorreu na época de execuções suspeitas praticadas pela polícia, após os ataques do PCC (Primeiro Comando da Capital), no mês passado. No início deste ano, a Justiça Federal do Espírito Santo determinou a proibição de divulgação do grupo e de nomes ou símbolos ligados à Scuderie.



Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;