O presidente Alberto Dualib anunciou ontem, em entrevista coletiva, o nome do novo diretor de futebol do Corinthians: ele mesmo. E anunciou também que viaja com o time até Recife para o jogo contra o Santa Cruz, domingo. A decisão de tomar conta do futebol do Corinthians foi precipitada pelos últimos resultados no Campeonato Brasileiro, que levaram o clube do Parque São Jorge à última colocação.

A medida já estava, porém, sendo considerada há dias. Dualib não agüentava mais ser cobrado pela situação do time e ver Kia Joorabchian ausente do dia-a-dia do Timão. O presidente, e agora diretor, foi cuidadoso ao falar de Kia, não o criticou e até justificou sua ausência, mas a verdade é que o iraniano será cada vez mais combatido no Corinthians. “O Kia está na Europa tratando de reforços para o Corinthians, está trabalhando muito e não pode comparecer todo dia no clube. Por isso, resolvi assumir”, disse Dualib, de 86 anos, em uma frase onde todos viram um pouco de ironia.

Dualib não quer o fim da parceria com a MSI. “O dinheiro deles é bom, ajudou muito o Corinthians, mas o importante é que todas as decisões sejam em conjunto a partir de agora”, em um claro recado a Kia, dizendo que a luta pelo poder no clube está lançada.

A decisão foi tomada ontem à tarde. Dualib comunicou a seus colaboradores mais próximos – Flávio Adauto, Edgard Soares e Jorge Kalil – que faria uma reunião às 15h. “Eu não esperava que fosse essa a decisão. Ele foi corajoso, porque o time está em último lugar. Todo mundo quer assumir quando o time está bem e ele assume na pior. Cansou de assumir o ônus e assumiu essa responsabilidade”, diz Flávio Adauto, vice-presidente de comunicação.

Lanterna – Na entrevista em que se empossou, Dualib repetiu várias vezes a expressão: “pela nossa grande experiência, sabemos que uma participação mais próxima vai fazer com que o clube saia dessa situação”. Foi como um mantra a justificar sua posse como diretor. Acredita em uma rápida reação do Corinthians. O título não está em cogitação, mas, para ele, a lanterna é algo circunstancial.

“O time está muito nervoso, se perde facilmente em campo e isso atrapalha muito. Vamos reagir e lutar por uma vaga na Sul-Americana (quinto ao 11º lugar) ou até mesmo para a Libertadores (primeiro ao quarto lugar)”, disse, com otimismo.

Ao assumir o futebol do Corinthians, Dualib toma uma posição inédita em sua trajetória. Ele sempre se comportou como presidente, permitindo diretores fortes como Antonio Roque Citadini e outros não tão fortes como Andrés Sanchez. Difícil é acreditar que tomará todas as decisões sozinhos. Seus vices estão mais fortes agora.