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Motorista de ônibus é assassinado em Ribeirão
Luciano Cavenagui
Do Diário do Grande ABC
10/12/2005 | 07:54
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O motorista de ônibus Orlando Gomes da Silva, 39 anos, morador do bairro Sol Nascente, em Ribeirão Pires, foi morto porque tinha só R$ 40. Ele foi assassinado com três tiros na cabeça anteontem à noite no bairro Ouro Fino, durante um assalto ao coletivo que dirigia, da viação Rigras, prefixo 494, que faz a linha Ribeirão Pires–Soma. O ladrão teria achado pouco a quantia recebida.

O latrocínio (roubo seguido de morte) ocorreu às 20h30 na estrada da Soma. O motorista havia saído do Terminal Rodoviário, no Centro da cidade e estava indo em direção ao bairro Ouro Fino. Havia aproximadamente dez passageiros no ônibus. Como se tratava de um microônibus, o motorista atuava também como cobrador.

Fingindo-se passageiro, o assaltante deu sinal em um ponto na estrada da Soma e entrou no ônibus. Logo depois, anunciou o assalto. Armado com um revólver calibre 38, apontou a arma em direção de Silva e exigiu que entregasse todo o dinheiro. O motorista havia arrecadado R$ 40 e alguns vales-transporte. Entregou o dinheiro para o ladrão, que recusou os vales. "Vo-cê só tem isso? Me entrega ma-is", afirmou o assaltante, de a-cordo com uma testemunha. "Só tenho isso. Nada mais", respondeu Silva. Ao ouvir a resposta, o ladrão atirou três vezes na cabeça do motorista, que morreu na hora. O assaltante saiu do ônibus com os R$ 40 e fugiu a pé. Até sexta-feira à noite, não havia sido localizado pela polícia.

O ladrão tem cerca de 35 anos, é negro, de estatura mediana, vestia uma jaqueta e u-sava um boné da mesma cor. Um suspeito de cometer o crime foi levado sexta-feira à tarde até a delegacia do município, mas não foi reconhecido pelas testemunhas.

O assassinato provocou comoção na família e nos colegas do motorista. Silva era casado, tinha dois filhos pequenos e trabalhava havia dois anos e meio na viação Rigras. Há seis meses, tinha conseguido a promoção que tanto almejava, passando de cobrador a motorista.

"Hoje em dia a vida não está valendo nada. Mataram meu irmão por R$ 40. Os crimes se tornaram tão comuns que os valores morais foram corrompidos", disse a dona-de-casa Josivânia Gomes da Silva, 27 anos. "Ele sempre falou que nunca iria reagir em um assalto, mas não adiantou nada. Meu primo estava feliz em dirigir o ônibus, era um antigo sonho dele", contou o vendedor Pedro de Araújo Santos, 28 anos, morador do Guarujá.

Diversos colegas de Silva compareceram ao seu enterro, realizado sexta-feira à tarde no cemitério São José. "Ele era um excelente companheiro e sempre ajudou todo mundo. Sua companhia vai fazer muita falta. Não conheço ninguém que tivesse alguma reclamação dele", afirmou o motorista Edson Feitosa, 40 anos.




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