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Nobres sabores
Heloísa Cestari
Do Diário do Grande ABC
12/05/2011 | 07:00
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Caranguejo da Cornualha, salmão defumado da Escócia, minipudim de Yorkshire, paleta de cordeiro do País de Gales e alguns dos mais de 700 tipos de queijo produzidos na Grã-Bretanha, como os aclamados stilton e west country farmhouse cheddar. O espírito inovador e patriota que imperou no discurso de William após o casamento refletiu-se até no menu servido aos cerca de 650 convidados durante a recepção no Palácio de Buckingham. Ao invés de nomes em francês homenageando integrantes da família real, o cardápio priorizou ingredientes britânicos sem perder a pompa e circunstância.

Mas nem sempre foi assim. Em 1923, no casamento do então futuro rei George VI e da rainha Elizabeth, o bufê do casamento tinha nomes como Supremes de Saumon Reine Maria (filés de salmão Rainha Mary), Côtelettes d'agneau Prince Albert (costeletas de cordeiro Príncipe Albert) e Fraises Duquesa Elizabeth (morangos Duquesa Elizabeth).

Quando a atual rainha Elizabeth II casou-se com o príncipe Philip, em 10 de julho de 1947, a tradição à francesa se manteve: Perdreau en Casserole (perdiz em uma caçarola), Salade Royale (salada real) e Bombe Glacee Princesse Elizabeth (o sorvete preferido da princesa), entre outros pratos.

Desta vez, o afã nacionalista falou mais alto. E ingredientes típicos não faltam à região para garantir um banquete digno de rei. O uísque destilado nas ilhas escocesas de Orkney, por exemplo, está entre os tops do mundo. E apesar da fama do puro malte escocês, a Irlanda do Norte também não faz feio: uma visita à destilaria Bushmills - onde se produz um uísque dourado, feito da mesma maneira há mais de 400 anos - é uma experiência, no mínimo, inebriante.

Quem não gosta de uísque pode recorrer aos espumantes. O escolhido para o casamento foi o Pol Roger NV Brut Reserve, mas também poderia ser um Carmel Valley ou um Ridgeview, da região de Sussex (eleito pela revista Decantero como o melhor vinho espumante do mundo).

Para acompanhar o champanhe, nada melhor que salmão defumado. Cerca de 10 mil canapés foram preparados por uma equipe de 21 chefs no palácio, usando prioritariamente produtos britânicos, fornecidos pelo grupo Royal Warrant. Entre os destaques, rosas de salmão escocês defumado sobre blini de beterraba, só para o casal lembrar o gostinho dos tempos de faculdade em St.Andrews, na Escócia, embora Formans, no Leste de Londres, também defume salmão há mais de 100 anos.

A exemplo do menu de 1923, o cordeiro fez sucesso, desta vez na forma de um confit feito com a paleta do animal. E não é para menos: entre as melhores carnes do mundo estão as do Welsh Salt Marsh Lamb (carneiro galês do pântano salgado), produzida no País de Gales, onde Kate e William fixaram residência. Tanto ele quanto a famosa carne de gado galês podem ser degustados nos restaurantes e hotéis de Anglesey, como o histórico Ye Olde Old Bulls Head, em Beaumaris.

Também vem de Anglesey o sal marinho Halen Môn, servido nos melhores restaurantes do mundo. Os estrelados chefs Ferran Adrià (do El Bulli, na Espanha) e Heston Blumenthal (do igualmente saboroso The Fat Duck, perto de Londres) não abrem mão do ingrediente.

E para a sobremesa, siga até a confeitaria Mcvitie's Cake Company para provar o pavê de chocolate do livro de receitas da família real, incluído no menu da festa de casamento a pedido especial do Príncipe William. Mesmo quem não é aficionado pelos assuntos da realeza sairá de lá dando viva aos noivos!




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