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Carro e casa lideram sonhos da classe C
Por Paula Cabrera
Do Diário do Grande ABC
06/10/2010 | 07:05
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Automóvel e a casa própria são os principais objetos de desejo da nova classe média brasileira, que ganha entre R$ 600 e R$ 2.009 por mês. Pesquisa feita pelo Ibope e divulgada ontem mostra que 9,5 milhões de pessoas planejam compra imediata ou no próximo ano de carro e 19% espera conquistar imóvel nos próximos meses.

Para o presidente da Anef (Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras) foi exatamente esse público quem fez a roda da economia girar no segmento automobilístico no último ano e ajudou as vendas baterem recordes.

"Com a elevação de renda, muita gente que pertencia à classe C ascendeu socialmente o que refletiu na maior busca por crédito para aquisição de veículos", conta.

A autora da pesquisa do Ibope, Dora Câmara, acredita também que a vontade de compra desse segmento deve manter forte os índices de crescimento do setor automotivo por um tempo. "A demanda reprimida é altíssima nessa categoria social", afirma.

Entre as áreas com grande potencial de crescimento, destaque para compras ligadas à produtos de beleza e higiene para itens de uso individual, como telefone, por exemplo.

A busca por tecnologia é um dos grandes nichos do setor, de acordo com o professor do Núcleo de Ciências do Consumo da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), Fábio Mariano Borges.

"É algo diferente do que a classe C exibia antes. Tínhamos empenho na compra de produtos focados na família. Isso ainda acontece hoje, no entanto, entra em cena o consumo de bens unitários. Itens de lazer que vão desde viagens até fast food tiveram aumento significativo no último ano graças a esse novo público", afirma Borges.

No setor de beleza, 75% deste segmento prefere gastar mais com cosméticos caros para sentir-se melhor, o que torna o mercado um dos mais atrativos do País.

ESPECIALIZAÇÃO
Apesar de ser responsável pela maior parte da economia nacional nos mais diversos setores, essa população ainda tem dificuldades em participar de cursos específicos, como o de a segunda língua. Apenas 23% dos 32 milhões de brasileiros que ascenderam a esta classe falam mais de um idioma. "O estudo é uma das grandes preocupações deste público, que têm essa tendência de busca por especialização. Eles começam a mudar o cenário nacional e devem seguir assim pelos próximos anos", atesta Borges.

Novo consumidor planeja despesas e evita dívidas
A auxiliar administrativa e moradora de Mauá, Michelle Aparecida dos Santos, 26 anos, é um dos exemplos da ascensão da classe C. Casada desde 2002 e mãe de uma menina, Michelle reformou a casa no ano passado e dividiu todas as contas com o marido. A pesquisa mostra que 65% da classe C planeja bem a compra de produtos caros.

Para bancar a ampliação do local, a auxiliar cortou o uso de cartão de crédito para contas supérfluas. "Nossos quartos eram muito pequenos e resolvemos ampliá-los. Nossa prioridade agora é pagar todas as dívidas e por isso só compramos com dinheiro na mão. O crédito custa muito alto e sempre dá dor de cabeça", afirma.

Apesar da dieta econômica, Michele não abre mão de manter a filha de sete anos no colégio particular. "Posso cortar todas as outras contas, mas ela não sai do colégio. Pago ensino particular para ela desde o maternal", conta.

Depois de quitar os financiamentos da reforma da casa, a família pretende comprar, até o ano que vem, um carro. "Não saímos muito, não pela falta do dinheiro, mas nossos horários não batem e a falta de um automóvel dificulta."

Ela e o marido terminaram apenas o Ensino Médio e trabalham para chegar à universidade em breve. "Estabilizando as finanças, devemos os dois voltar a estudar", conta ela que fez um ano do curso de administração, mas parou por conta das altas despesas.

Mas o plano rigorosamente traçado não impede a auxiliar de esbanjar um pouco de vez em quando. "Não sou consumista, mas adoro sapatos e, algumas vezes, acabo comprando um ou outro." (Paula Cabrera) 




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