Ídolo da torcida corintiana, o comentarista esportivo e ex-goleiro Ronaldo Giovanelli, 42 anos, alerta que para conquistar o inédito título da Copa Libertadores da América em 2010 o time dos trintões Ronaldo, Tcheco e Roberto Carlos, entre outros, terá de abrir mão de conquistas pessoais e jogar como se estivesse disputando a Série B do Brasileiro.

"O Corinthians deve isso (título da Libertadores) à torcida. É uma galera sofrida, que merece essa conquista. Para isso, os jogadores terão de abrir mão de conquistas pessoais. Se mostrarem união, como aconteceu quando o time disputou a Série B, terão condições de brigar pelo título", destaca.

Ronaldo diz não se sentir abandonado pelo clube, que nunca o convidou para ocupar cargos na diretoria. Na semana passada, Marcelinho Carioca foi escolhido espécie de embaixador para o ano do centenário (2010).

"Não me sinto e nunca me senti injustiçado no Corinthians por não me convidarem para ser dirigente ou assumir qualquer outro cargo. O mais importante para mim é o carinho do torcedor", disse Ronaldo, que conquistou três paulistas (1988, 1995 e 1997), um Brasileiro (1990) e uma Copa do Brasil (1995) com a camisa do Timão.

Sóciotorcedor, o ex-goleiro procura manter certo distanciamento do clube. "Sou corintiano, todos sabem. O Corinthians é a minha segunda pele. Mas também sou comentarista (rádio e TV) e preciso manter essa distância, até para poder falar as coisas que não considerar certas com liberdade."

Crítico da postura alvinegra de abdicar da luta do título do Brasileiro neste ano por já ter garantido vaga na Libertadores de 2010 com a conquista da Copa do Brasil, Ronaldo garante estar otimista com o elenco montado pelo técnico Mano Menezes.

"São atletas experientes e acho que o Corinthians tem tudo para conquistar o título. Será o ano da alegria dos corintianos", projeta.

Aos domingos, o ex-goleiro comenta os jogos do fim de semana no programa Bola na Rede, da Rede TV! juntamente com o roqueiro Nasi. A dupla também solta a voz e as críticas a cartolas, jogadores e técnicos às segundas na Kiss FM, no programa 90 minutos.

Ronaldo destaca a conquista da Copa do Brasil, em 1995, contra o Grêmio, em Porto Alegre, como um dos momentos especiais da carreira.

"Marcou muito o momento em que chegamos no aeroporto de Congonhas. Tivemos de sair diretamente da pista para o ônibus do clube por causa da quantidade de torcedores que nos esperava. Aquilo me emocionou muito. Ali ficou ainda mais evidente, para mim, o amor do torcedor pelo clube. Quando chegamos no Parque São Jorge tinha umas 40 mil pessoas", recorda.

Ronaldo é defensor da disputa do Brasileirão por pontos corridos, mas lamenta a saída cada vez mais precoce dos talentos brasileiros para o Exterior.

"Hoje a garotada sai da base com 17 anos e vai diretamente para o Barcelona. A culpa é de empresários que ficam enchendo a cabeça dos moleques. Acho errado o jogador passar todos os direitos para os procuradores. E o que a gente vê é isso. Os nossos melhores atletas lá fora e os campeonatos do jeito que estão, com queda na qualidade. Basta ver a Série A", destaca o ex-camisa um.

O ex-goleiro também garante não ter a intenção de se aventurar na carreira de treinador.

"Nunca planejei isso até porque é complicado ter de colocar juízo na cabeça de jogador, tentar mudar alguns conceitos. E também você prepara um time, vem outro clube, leva os caras e o seu trabalho vai para o ralo", lamenta Ronaldo.