Setecidades Titulo História
Resistem as calçadas dos nossos avós
Por Ademir Medici
25/07/2016 | 07:00
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 "Os caquinhos eram resíduos das fábricas de cerâmicas, das quais se incluíam as do Grande ABC". Cf. Geraldo Nunes, jornalista.

Sobrevivem, às centenas, nas casas dos anos 50 e 60 do século 20, as calçadas ou pisos tipo caquinho, geralmente em vermelho, com nuances em amarelo e preto. Mas qual a origem deste acabamento nas casas dos nossos pais e avós?

Quem nos conta é Beto Bertagna, um estudioso das histórias da vida, com um belo blog, fácil de ser acessado - "Beto Bertagna a 24 quadros", via biblioteca da FAU-USP. Confiram na Internet.

Chegamos ao trabalho de Bertagna por orientação do jornalista Geraldo Nunes.

A febre do caquinho

Do texto de Beto Bertagna

Pode algo quebrado valer mais que a peça inteira? Aparentemente não. Mas no Brasil já aconteceu isto, talvez pela primeira vez na história da humanidade.

Década de 40 para 50 do século passado. A cidade de São Paulo era servida por duas indústrias cerâmicas principais. Um dos produtos dessas cerâmicas era um tipo de lajota cerâmica quadrada (algo como 20x20cm) composta por quatro quadrados iguais. Essas lajotas eram produzidas nas cores vermelha (a mais comum e mais barata), amarela e preta. Era usada para pisos de residências de classe média ou comércio.

No processo industrial da época, sem maiores preocupações com qualidade, aconteciam muitas quebras e esse material quebrado sem interesse econômico era juntado e enterrado em grandes buracos.

Os chamados lotes operários na Grande São Paulo eram de 10x30m ou no mínimo 8x25m, ou seja, eram lotes com área para jardim e quintal, jardins e quintais revestidos até então com cimentado, com sua monótona cor cinza. Os operários não tinham dinheiro para comprar lajotas cerâmicas, mesmo as que eles próprios produziam.

Aquele refugo chamou a atenção de um operário, que teve permissão para usar uma pequena parte na pavimentação do terreno de sua nova casa. Ficou uma beleza, uma arte natural, o que chamou a atenção dos vizinhos, igualmente operários – atenção despertada pela beleza e baixo custo.

Iniciava-se uma moda. A diretoria comercial de uma das cerâmicas descobriu uma fonte de renda e passou a vender, a preços módicos, os cacos cerâmicos – 30% a menos do que um ladrilho intacto.

O certo é que começou a faltar caquinho no mercado. O preço disparou. Chegou ao valor de uma peça integra e impoluta; inacreditável: peças inteiras começaram a ser quebradas pela própria fábrica. Trabalho extra, custo industrial maior. O metro quadrado do refugo supera o da peça intacta. É a febre do caquinho cerâmico.

A história termina nos anos 60 com o surgimento dos prédios em condomínio. A classe média que usava o caquinho passa a morar em espigões. A classe mais simples passa a ocupar lotes menores (4x15). Os mais pobres vão para as favelas.

Não havia mais espaço para caquinhos.

São histórias da vida que precisam ser contadas para no mínimo se dizer: "a arte cria o belo, e o marketing tenta explicar o mistério da peça quebrada valer mais que a peça inteira".

Diário há 30 anos

Sexta-feira, 25 de julho de 1986 - ano 29, edição 6194

MANCHETE – Funaro (Dilson, ministro da Fazenda) admite rever taxa sobre carros.

GRANDE ABC – Pode faltar energia em 1987.

MEIO AMBIENTE – Billings receberá mais despejos do canal do Rio Pinheiros.

TRANSPORTES – Dentro de três meses a Secretaria dos Negócios Metropolitanos deverá implantar a linha Santo André a Diadema, via Paulicéia e Taboão.

DATA – No Dia do Escritor, a luta pelo direito autoral.

TEATRO – 'Baixa Sociedade', de Juca de Oliveira, estréia no Teatro Municipal de Santo André. No papel principal, Luiz Gustavo.

TURISMO – Santos: sol, praias e história.

Hoje

Dia do Motorista

Dia do Escritor

Dia do Trabalhador Rural

Em 25 de julho de...

1916 – Visita o Grupo Escolar de Santo André o coronel Hermelindo Coimbra, agricultor e negociante de Porto Alegre (RS). Vem acompanhado pelo coletor das rendas do Município de São Bernardo, Francisco Marques da Silva.

n A guerra. Do noticiário do Estadão: um voador francês voa sobre Berlim.

Município Paulista

Hoje é o aniversário de Águas de São Pedro, fundada em 1940.

A mulher em 32

"As mulheres davam assistência às famílias onde os homens haviam seguido para o campo de batalha. Assistiam os mutilados na manutenção de seus lares com mantimentos, leite, mamadeiras, roupas e medicamentos".

Cf. Neide Lopes Ciarlariello, "9 de julho, a mulher na Revolução de 32", do livro "Para sempre 32" (Editora Matarazzo, 2016).

Santos do Dia

São Tiago Apóstolo. Nasceu 12 anos antes de Cristo na Galiléia, filho de Zebedeu e Salomé, irmão de João Evangelista. Ele se tornou o primeiro dos apóstolos a derramar seu sangue pela fé em Jesus Cristo.

Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR

Cristóvão

Valentim

Municípios Brasileiros

Celebram aniversários neste dia 25 de julho:

Abelardo Luz (SC), Adrianópolis (PR), Agrolândia (SC), Água Doce (SC), Alto Piquiri (PR)

Barbosa Ferraz (PR)

Catanduvas (PR), Cidade Gaúcha (PR)

Davinópolis (MA)

Fênix (PR), Flórida (PR)

Goiás (GO)

Icaraíma (PR), Iretama (PR), Itambé (PR)

Jaraguá do Sul (SC)

Mandirituba (PR), Marechal Cândido Rondon (PR), Maria Helena (PR), Mariópolis (PR), Marumbi (PR), Matelândia (PR), Medianeira (PR), Moreira Sales (PR)

Nova América da Colina (PR)

Ourizona (PR)

Palotina (PR), Pimenteiras (PI)

Salto do Itararé (PR), Santo Antonio do Paraíso (PR), São João (PR), São Leopoldo (RS), São Tomé (PR)_

Xambrê (PR)




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