Economia Titulo Crítica
‘Estamos vivendo o fim da falta de ética’

Opinião é de Luiza Trajano, uma das principais empresárias do País e presidente do Magazine Luiza

Por Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
30/04/2016 | 07:06
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Fábio Munhoz


“Daqui a alguns anos, quem não for ético não sobreviverá”. A avaliação é da empresária Luiza Trajano, uma das mais influentes empresárias do Brasil e que preside a rede Magazine Luiza. A executiva participou nesta semana de palestra para alunos da Universidade Metodista, onde afirmou que o País está vivendo “o fim da falta de ética”.

O comentário tem ligação com os desdobramentos da Operação Lava Jato, que teve início em março de 2014 e culminou, até o mês passado, na expedição de 133 mandados de prisão, entre eles de políticos e grandes executivos de empresas privadas e estatais. Na opinião dela, os cidadãos – e, consequentemente, os consumidores –, tendem a ser mais criteriosos, passando a considerar a conduta ética como fator essencial ao escolher fornecedores de bens materiais ou de serviços.

Em relação ao momento de recessão na economia brasileira, Luiza destaca a necessidade de os empresários não retraírem e buscarem soluções inovadoras. Cita como exemplo a situação enfrentada pelo País em 2001, quando, em razão da crise energética, o governo federal adotou racionamento de energia elétrica. Na ocasião, lembra, o Magazine Luiza viu cair drasticamente a demanda por fornos de micro-ondas, já que os equipamentos mais antigos consumiam muita eletricidade. “A saída que encontramos foi investir na venda de cobertores”, relata. “O momento exige fé e coragem.”

Outro exemplo citado pela executiva em que a rede varejista contrariou as tendências de mercado foi em 2014, quando o PIB (Produto Interno Bruto) do País cresceu apenas 0,1%, após ter fechado no negativo nos três últimos trimestres. Naquele ano, entretanto, o Magazine Luiza teve o melhor desempenho de sua história, com receita bruta de R$ 11,5 bilhões.

Luiza recomenda ainda que os empreendedores tenham pensamentos grandes, mas ajam conforme o orçamento. “Você pode querer um vestido de grife para ir a uma festa, mesmo sem ter dinheiro para comprá-lo. Nesse caso, porém, tem a opção de escolher um modelo que lhe agrade e levar a foto para alguém que faça exemplar semelhante por preço melhor. O importante é pensar grande, mas agir dentro da sua possibilidade de gastos, para não quebrar.”

Ainda nesse contexto, a executiva orienta que parem de se colocar em situação de vítimas diante da crise. “Não vemos alguém que só reclama vencer na vida. Eu não tenho dó de quem levanta cedo e só volta para casa depois da meia-noite, após estudar e trabalhar. Eu tenho dó é de quem não tem entusiasmo e inspiração.” Por outro lado, ela considera “triste” o fato de o País voltar a registrar alto índice de desemprego. O último balanço do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que, até março, 11,1 milhões de pessoas em todo o Brasil estavam desocupadas. Para se ter ideia, em dezembro de 2014, 6,4 milhões de indivíduos estavam fora do mercado de trabalho. Ou seja, de lá para cá houve alta de 73,4%.

Em relação à postura da sociedade como um todo, a empresária recomenda que os indivíduos passem a ter papel de protagonismo na história. “Somos muito espectadores. Essa postura gera passividade e não estimula a geração de talentos. Precisamos assumir o Brasil como nosso.”

POLÍTICA - Apesar de evitar fazer comentários sobre a situação política do Brasil, Luiza disse ter ficado com vergonha ao assistir pela televisão, no dia 17, à sessão da Câmara dos Deputados que aprovou o prosseguimento do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) ao Senado. Ela fez referência aos parlamentares que, ao invés de embasar o voto, fizeram discurso homenageando a família. Desde janeiro, a empresária integra o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, cujo objetivo é contribuir com sugestões para a retomada do crescimento do País.


Rede possui 786 lojas e planeja expandir na região

O Magazine Luiza fechou 2015 com 786 lojas abertas em 16 Estados brasileiros. Na região, são nove unidades, sendo duas em Santo André, duas em São Bernardo, uma em São Caetano, duas em Diadema e duas em Mauá.

Em entrevista ao Diário, a presidente da rede, Luiza Trajano, afirmou que vê o Grande ABC com “bastante carinho” e que prevê expansão na região, mas não detalhou as metas de crescimento. Isso porque a empresa está no chamado período de silêncio, que antecede a divulgação dos resultados alcançados no primeiro trimestre deste ano.

A empresária ministrou, no início da semana, palestra para os alunos de Administração e Secretariado Executivo Bilíngue da Universidade Metodista. O evento teve como foco o destaque à história de sucesso da rede, que surgiu em Franca, no Interior de São Paulo, em 1957, a partir de uma pequena loja chamada A Cristaleira.

Durante a apresentação aos estudantes, Luiza destacou a importância de o empreendedor ter humildade para aprender e ensinar, além de desenvolver a habilidade de extrair o melhor das pessoas. “Esse é o papel do bom líder”, salienta. Outra recomendação é para que o empresário saiba a hora de se reinventar e, nesse momento, não tenha medo de rever costumes e tradições. 




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