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Falta transporte para deficientes

Crianças e jovens de Mauá que fazem tratamento
em Ribeirão Pires estão há três semanas sem vans

Por Natália Scarabotto
Especial para o Diário
30/04/2016 | 07:00
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Celso Luiz


Alunos com deficiência de Mauá estão há três semanas sem transporte escolar para assistir às aulas e fazer tratamento médico na Apraespi (Associação de Prevenção, Atendimento Especializado e Inclusão da Pessoa com Deficiência), localizada em Ribeirão Pires. Ao todo, 284 estudantes foram prejudicados pelo rompimento do contrato entre a empresa Via Luz Transporte de Passageiros Ltda e o governo do Estado. A transportadora deixou de prestar serviço no dia 8, alegando erros no contrato.

A superintendente da Apraespi, Lair Moura, afirma que o transporte era satisfatório para as necessidades dos atendidos. “Mas eles pararam de um dia para o outro. O Estado também não resolve. Deveriam dar um retorno na segunda-feira e não deram. Estamos cobrando, mas nada.”

Segundo o sócio-proprietário da empresa, Pedro Paulo Ferreira da Luz, o serviço foi interrompido porque o contrato estava em desacordo com o edital, publicado em outubro. “Fomos contratados para fazer duas unidades e estávamos fazendo quatro. Também tínhamos que rodar uma certa quilometragem, mas rodamos quase o dobro. Não pagaram esse excedente. Tivemos prejuízo. Além disso, o edital não dizia que se tratava de transporte de alunos com deficiência.”

O governo afirma, em nota, que as alegações não são verídicas, uma vez que o edital destaca “a prestação de serviços contínuos de transporte escolar de alunos com necessidades especiais”. Ainda conforme a nota, a Via Luz não aceitou renegociar a quilometragem percorrida. Segundo o Estado, contrato emergencial está em andamento, mas não há previsão para retomada do serviço.

Enquanto as questões burocráticas caminham a passos lentos, as famílias ficam desamparadas. “Me sinto humilhada. São direitos dos nossos filhos (estudar e ter atendimento médico)”, afirma a auxiliar de montagem Priscila Rodrigues, 34 anos, mãe de David Willian, 16, que tem deficiência intelectual.

Algumas mães, como Eliana Machado, 44, tentam se adaptar. “Levei meu filho de carro umas quatro vezes, mas não dá para ficar pagando gasolina. O pior é que ele não entende a situação”.

Já a filha de Sandra Avelino, 40, Jade Tainã Souza Silva, 20, tem microcefalia e vive em uma cadeira de rodas. “É impossível levá-la de ônibus. Não aguento carregar.”

A maior perda para os alunos é a possibilidade de regressão no aprendizado. “Há uma perda pedagógica muito grande. Eles podem até retroceder o que já tinham desenvolvido. Vamos ter que fazer uma recuperação de conteúdo com eles depois mas, ainda sim, tem defasagem”, explica a diretora da Apraespi, Luiza Nunes. As mães afirmam ainda que, se o problema não for resolvido logo, vão se unir e realizar um protesto na próxima semana. 




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