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Lula não governará no lugar de Dilma, pois ela é voluntariosa, diz ministro
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05/04/2016 | 00:11
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O ministro Marco Aurélio Mello afirmou nesta noite, em entrevista, que a presidente Dilma Rousseff, por seu gênio, não deixaria o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva governar no lugar dela, seja como ministro da Casa Civil ou como articulador informal do governo, como vem atuando.

"Não será", respondeu sobre Lula ser um presidente na prática atrás de Dilma. "Pelo gênio da própria presidente da Republica, se diz que é muito voluntariosa e que não ouve sequer os assessores que a circundam."

Para o ministro, Lula ser convocado como uma "tábua de salvação" do governo e do próprio PT, como classificou mais cedo, não seria em si um desvio de finalidade de função, como alega o mandado de segurança que hoje suspende a nomeação de Lula como ministro.

Mello não respondeu diretamente se, a seu ver, Lula estaria tentando fugir de Sérgio Moro, na primeira instância, por meio do foro privilegiado como ministro. Mas deu a entender que considera a hipótese pouco provável. O ministro inferiu que não se poderia assumir que Lula buscaria para si o foro e deixaria a mulher, Marisa Letícia, e o filho Lulinha sob a vara de Moro. "Será que ele buscaria o foro para salvar a própria pele e deixaria a mulher e o filho sob a vara de Sérgio Moro. Não seria a postura esperada do homem médio."

"Não posso presumir o excepcional, de que Lula tenha buscado a nomeação para não ficar sob a jurisdição de Sérgio Moro", complementou.

Barganha

Em sua participação no Roda Viva, da TV Cultura, Mello afirmou não ser "razoável" a barganha política que se instalou no Palácio do Planalto para evitar o impeachment, mas disse que, "infelizmente", "é a realidade política brasileira".

"O Executivo busca base porque foi abandonado pelo PMDB, muito embora o PMDB ocupe a vice-presidênca, mas sabemos que é a realidade brasileira, lastimavelmente. Não concordo com a troca de favores, com a nomeação linear para ter-se apoio no Congresso. Não deveria ser assim, mas a política brasileira apresenta uma certa realidade"

Eleição antecipada

Questionado brevemente sobre a possibilidade de haver uma eleição antecipada no Brasil, como sugerido por PEC pelo senador Valdir Raupp (PMDB-RR), Marco Aurélio Mello disse que a proposta seria contrária aos "ditames constitucionais". "Essa emenda, de início, não sei o conceito técnico pois não vi a proposta, mas se mostraria contrária aos ditames constitucionais", afirmou. Para o ministro, a única forma de haver nova eleição antes de 2018 seria a "renúncia coletiva" de Dilma Rousseff e Michel Temer, o que considera algo "irreal" dada a cultura política brasileira.

Barroso

O ministro comentou brevemente a fala polêmica do colega de Supremo Luís Roberto Barroso, que foi ouvido em conversa com estudantes, sem saber que estava sendo gravado, dizendo "Meu Deus, essa é nossa alternativa de poder", em relação ao PMDB.

Marco Aurélio Mello saiu em defesa de Barroso. "Ele disse isso, evidentemente, em um meio acadêmico, expressou seu sentimento como cidadão", avaliou Mello e disse que, a seu ver, não compromete a atuação de Barroso em futuras decisões advindas da Lava Jato. (Ana Fernandes - ana.fernandes@estadao.com)




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