Cultura & Lazer Titulo
Questão de figurino
Gabriela Germano
Da TV Press
23/09/2006 | 18:21
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Em um período de dez anos, a decoração de uma casa dificilmente é toda trocada, a fisionomia das pessoas não muda radicalmente e a frota de carros que circula pelas ruas tem pouca renovação. Em uma novela de época, no entanto, a passagem de uma década gera incontáveis modificações e os responsáveis por retratar essas alterações são os profissionais que cuidam da produção de arte. Em Cidadão Brasileiro, da Record, o salto de 1958 para 1968 altera completamente a cenografia, o figurino e a maquiagem. “Para nós essa diferença de 10 anos significa uma nova novela”, afirma a cenógrafa Manuela Robalo.

Os cuidados são enormes e a atenção aos detalhes é o que faz a diferença. Se antes era necessário recorrer à telefonista para fazer uma ligação, em 1968 os telefones já têm discos para que o próprio usuário possa ligar. “E estão disponíveis em vários modelos e cores”, completa Manuela.

Os antiquários são o paraíso para esses profissionais. Mas quando eles precisam de um objeto muito específico, a única alternativa são os colecionadores. “Já precisamos recorrer a eles para conseguir até um projetor de slides que usamos em uma cena”, explica a cenógrafa.

As cores são a principal preocupação de quem cuida do figurino. As roupas em tons pastéis que imperavam no início da novela cedem espaço para os tonalidades mais fortes e as estampas. As mulheres que praticamente só usavam vestidos passam a desfilar com calças. Já os homens têm paletós mais curtos e lapelas maiores. E como a moda atual busca referências no passado, o trabalho de garimpagem do figurinista fica um pouco facilitado. “Encontramos muitas peças em coleções de famosos estilistas. Usamos até John Galliano”, destaca o figurinista César Dante.

Totalmente integrado com o figurino está o trabalho de caracterização dos personagens. As duas áreas caminham em sintonia. Tanto é que as cores também chamam a atenção quando o assunto é cabelo e maquiagem.

Na primeira fase de Cidadão Brasileiro, os cabelos femininos eram basicamente pretos ou castanhos. “A única exceção era a Luiza, personagem de Paloma Duarte, mulher mais moderna até por sua vivência nos Estados Unidos”, ressalta Claudinei Hidalgo, responsável pela caracterização do elenco.

“Na segunda fase temos mais tons de dourado e até o ruivo”, lembra Claudinei. No rosto, entram os tons de rosa, vinho e é permitido até mais brilho. “Mas vamos deixar os cintilantes dos esmaltes para a próxima fase. A novela chega até o ano 2000 e precisamos reservar novidades”, antecipa.

Se a decoração e o figurino chamam mais a atenção das mulheres, os automóveis antigos são o mais fascinante aos olhos do público masculino. Três empresas especializadas em fornecer carros para produções do gênero buscam raridades com colecionadores e facilitam a vida de Manuela Robalo.

Na atual fase da novela, modelos como o Simca e Esplanada substituem Cadilacs e Thunderbirds usados para retratar os anos 50. Como é indiscutível o valor dessas raridades, a atenção é redobrada até na hora de sujá-los. Mas na fase antiga da trama, as ruas de Guará, uma das cidades onde se passa a história, eram de terra e os encarregados de cuidar dos automóveis logo corriam para limpá-los. “Até sujeira é detalhe importante em novela de época. Sem ruas asfaltadas, os pneus tinham que ficar sujos, ora”, destaca Manuela Robalo.

Cidadão Brasileiro vai ao ar de segunda a sábado, às 21h20 durante o período de exibição do horário eleitoral gratuito.




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