O Vietnã, que havia conseguido conter a gripe aviária no ano passado, agora vê o vírus voltar a ganhar terreno há duas semanas, uma situação que a OMS e a FAO não querem dramatizar, mas que, em seu julgamento, deve provocar um reforço da vigilância.

Nas próximas duas semanas, quando o país entrava no verão, período normalmente menos propício à propagação do vírus, o H5N1 começou a se espalhar novamente e já afeta 14 das 64 províncias do país.

Outras três províncias, onde recentemente morreram cinco frangos, poderiam engrossar a lista, segundo o jornal Lao Dong. O vírus H5N1 é o mais mortal entre as diferentes variações da gripe aviária.

Um caso humano de contaminação, que afeta um homem de 30 anos de uma província vizinha de Hanói, também foi detectado. Embora sua saúde esteja melhorando, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) e fontes hospitalares vietnamitas, este é o primeiro caso humano no território em 18 meses.

O Vietnã foi um dos países mais afetados pelo H5N1, quando o vírus reapareceu no sudeste asiático, no fim de 2003. Mas graças à sua grande campanha de vacinação e sensibilização, aplaudida pela comunidade internacional, o país conseguiu controlar a situação.

Após registrar 42 mortes em dois anos, o Vietnã não havia detectado um único caso humano desde novembro de 2005, e suas granjas pareciam ter-se livrado do problema.

No entanto, a epizootia voltou a se propagar entre patos ainda não vacinados. O Vietnã havia suspendido, em março, a proibição de criar patos, animais que podem ser portadores do H5N1 sem apresentar sintomas. Esta decisão foi qualificada de precipitada pelas autoridades locais.

Para a FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação), a proibição era, de qualquer forma, de difícil aplicação. "Apesar da proibição, muitos patos foram criados ilegalmente" devido ao ano novo vietnamita, em fevereiro, explicou Jeff Gilbert, conselheiro de gripe aviária da FAO em Hanói.

"Porque eram ilegais, não estavam vacinados", acrescentou. A proibição, explicou, acabou criando "um mercado negro". Desde o começo do ano, o Vietnã vacinou mais de uma centena de milhões de aves, entre eles, mais de 40 milhões de patos. Nem a FAO, nem a OMS, estão surpresos diante do reaparecimento do H5N1.

"O vírus continua presente no meio ambiente", disse Dida Connor, porta-voz da OMS em Hanói. "As pessoas devem permanecer alertas", opinou.