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As barbas de molho
Por Carlos Brickmann
13/09/2015 | 07:00
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Rebaixamento de crédito só assusta os fracos. A crise mesmo começa agora.
A Polícia Federal pediu ao Supremo que autorize a tomada de depoimento de Lula, por suspeita de ter sido beneficiado no Petrolão. O pedido foi feito pelo delegado Josélio Sousa. “(...) A presente investigação não pode se furtar de trazer à luz da apuração dos fatos a pessoa do então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que, na condição de mandatário máximo do País, pode ter sido beneficiado pelo esquema em curso na Petrobras, obtendo vantagens para si, para seu partido, o PT, ou mesmo para seu governo, com a manutenção de uma base de apoio partidário sustentada à custa de negócios ilícitos na referida estatal.”
Por que o pedido ao Supremo, se Lula não tem cargo público e o habitual seria ouvi-lo na primeira instância? Talvez porque o delegado saiba que está tocando no supremo ídolo petista: investigá-lo será visto pelo PT como crime de lesa-majestade, muito mais grave do que investigar a própria presidente Dilma. De todos os alvos da investigação, este é o mais sensível: Lula é o PT, o PT é Lula.
Só Lula? Não: o lobista Fernando Falcão Soares, Fernando Baiano, acaba de negociar sua delação premiada, na qual promete dar detalhes e provas da participação de Dilma na compra da refinaria de Pasadena, no Texas – aquela cujo preço se multiplicou. Na época, Dilma presidia o Conselho de Administração da Petrobras. Baiano deve alvejar também os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros. Na linha de sucessão, só se livra Michel Temer.

E tem mais
O Tribunal de Contas da União está pronto para enviar ao Congresso seu parecer sobre as “pedaladas fiscais” da presidente. O jornal virtual Brasil 247 (www.brasil247.com/pt), próximo ao PT e ao governo, acredita que o TCU recomendará a rejeição. Com isso, abre caminho jurídico para o impeachment. Mais: um forte grupo de deputados ameaça obstruir qualquer projeto de interesse do governo até que o impeachment entre na pauta. O caminho está combinado: o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, rejeita a proposta de impeachment, e será surpreendentemente derrotado pelo plenário, que a porá em votação. Ainda não há votos suficientes para aprová-la, mas a pressão contra Dilma é fortíssima.

O balanço do barco
Publicitários, jornalistas e políticos que amavam o PT estão se afastando em silêncio. Um governador, de partido que integra a base governista, acredita que a presidente deixe o cargo ainda em setembro. Há outras avaliações. Mas é quase consensual a ideia de que o peru de Natal de Dilma não será servido no palácio.

O tamanho do buraco
O ex-presidente Lula disse que o rebaixamento do Brasil por uma agência de risco não tem nenhuma importância. Mas, tão logo foi anunciada a queda do Brasil para a categoria de investimento especulativo, os papéis da Petrobras na Bolsa norte-americana caíram 5,1% – só no primeiro dia. Mas isso é apenas a cereja do bolo da gestão, digamos, heterodoxa da empresa. A Petrobras vale hoje no mercado (a avaliação é feita pelo preço de suas ações em Bolsa) cerca de US$ 31 bilhões. Há cinco anos, seu valor de mercado era de cerca de US$ 300 bilhões.

O fundo do buraco
E não está computado, na queda de valor da principal empresa brasileira, o custo das ações movidas por acionistas que a acusam de desvio de lucros para atos pouco convencionais. Estão em jogo algumas dezenas de bilhões de dólares.

Banana no chão
Não é verdade que a presidente Dilma atravesse a rua só para escorregar numa casca de banana que está na outra calçada. Dilma vai muito mais longe em busca de um tombo. O decreto que retira atribuições dos comandantes militares e as repassa ao ministro da Defesa, tão bobo que estava há três anos na gaveta sem que ninguém dele se lembrasse, tão inútil que o ministro Jaques Wagner promete nem usá-lo, devolvendo aos comandantes os poderes de remanejamento de pessoal, foi assinado de surpresa, às vésperas do feriado, sem que os comandantes fossem avisados. Pior: o ministro da Defesa diz que não sabia de nada, a presidente diz que não sabia de nada, o ministro da Defesa interino (o comandante da Marinha, já que Wagner estava fora) diz que não assinou nada. Se ninguém sabia do caso, como é que o papel foi parar no Diário Oficial? Foi posto lá pela secretária executiva do Ministério da Defesa, Eva Maria Chiavon, da estrita confiança do ministro Jaques Wagner (com quem já trabalhara no governo da Bahia). E esposa de Francisco Chicão Chiavon, segundo de João Pedro Stedile no comando do MST. Lembrando Lula, é o subcomandante do exército de Stedile.

Escorregando!
O tal decreto pegou mal e deixou o pessoal da Defesa desnorteado. A assessoria de comunicação social do ministério, na terça-feira, enviou à imprensa uma nota de esclarecimento sem texto e sem data (Brasília, x/x/2015), mas com assinatura. Depois, enviaram outro texto, com um discurso do ministro Jaques Wagner em que reafirma seu compromisso com as Forças Armadas. Só que o discurso foi pronunciado em 2 de janeiro de 2015. Eta, ministro lerdo!




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