Política Titulo De malas prontas
Desconfortável no PT, Pio Mielo fala em deixar o partido

Único vereador da legenda em São Caetano alega ‘incoerência’ da agremiação na relação com Pinheiro e cita PMDB como possível futuro

Por Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
05/09/2015 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


Único vereador do PT em São Caetano, Pio Mielo estuda migração para o PMDB nos próximos dias para disputar o pleito do ano que vem. O petista se diz “desconfortável com a incoerência” do diretório local do partido ao cogitar candidatura própria em vez de aderir ao projeto de reeleição do prefeito Paulo Pinheiro (PMDB).

O parlamentar defende a manutenção do apoio dado pelos petistas a Paulo Pinheiro após a eleição de 2012. À ocasião, o PT de São Caetano havia desistido da candidatura do então vereador Edgar Nóbrega (que se envolveu em escândalo de corrupção) e viu o peemedebista derrotar a candidata governista Regina Maura Zetone (ex-PTB, hoje sem partido).

“Como eu vou explicar à população que nesses três primeiros anos de governo eu apoiei o Paulo e, agora, apoiaria um outro candidato? Ficaria em uma saia justa”, justifica o parlamentar.

Pio pondera que ainda não bateu o martelo sobre possível desfiliação do PT, mas diz refletir sobre convites feitos pelo próprio prefeito e por lideranças peemedebistas, como o secretário de Governo, Nilson Bonome, e o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB). “Se a mudança (de partido) ocorrer, será para o PMDB que eu vou. É o partido que ocupa a vice do PT no governo federal. Eu me sentiria mais à vontade em me filiar numa legenda com essa envergadura, com essa história e que, no Grande ABC, terá protagonismo a partir de 2016”, argumenta.

Oficialmente, o PT são-caetanense ainda não definiu qual posição adotará na disputa de 2016, mas correntes minoritárias do diretório defendem o nome do ex-presidente do Sesi Jair Meneguelli (PT) como candidato ao Palácio da Cerâmica. Outro grupo, ligado a Pio e ao presidente municipal da legenda, Márcio Della Bella, pregam cautela e evitam especular nomes para o páreo. Até porque a legenda ainda mantém quadros no primeiro escalão do governo Pinheiro.

DESGASTE
Desde a eleição de 2012, quando o partido protagonizou denúncia de recebimento de mensalinho em troca de oposição branda na Câmara, o PT de São Caetano busca reestruturação. A cidade é a única da região onde o PT jamais governou, ainda assim a legenda mantém histórico de lançar candidaturas à Prefeitura há pelo menos 19 anos – com hiato em 2012. Todas elas foram derrotadas.
Para Pio, o desgaste sofrido pelo PT em nível nacional tem prejudicado a legenda na empreitada de reconstrução do partido na cidade. “Sou grato ao PT. Busquei nomes novos para o partido de todos os segmentos, mas o cenário nacional não contribuiu”, salienta.
Professor universitário, Pio é vereador em primeiro mandato, ao receber 1.396 votos em 2012.

Suplente do petista, Ricardo Rios debate futuro com Marinho

Ricardo Rios, primeiro suplente do PT em São Caetano, se reuniu ontem com o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), a fim de debater a possível saída do vereador Pio Mielo (PT) da legenda (deve migrar para o PMDB) e de ouvir do líder petista qual será o caminho da sigla no pleito de 2016. A posição de Marinho, segundo Rios, não foi de impor possível apoio da legenda ao prefeito Paulo Pinheiro (PMDB), que tentará a reeleição. “Ele (Marinho) deixou muito claro que vai nos apoiar em qualquer decisão que o partido em São Caetano tomar”, disse o petista.

Sobre eventual desfiliação de Pio das fileiras do PT, Rios descartou exigir a cadeira do correligionário na Justiça Eleitoral sustentando infidelidade partidária do parlamentar. “Essa é uma decisão que o partido tem de tomar. Por mais que eu fosse beneficiado, por ser o primeiro suplente, jamais faria isso de forma individual”, garantiu Ricardo Rios.

Em recente visita à região, o presidente estadual do PT, Emidio de Souza, admitiu que o partido pode abrir mão de lançar nomes próprios nas disputas majoritárias. A fala foi enquadrada como recado direto ao diretório da legenda em São Caetano, que bate cabeça para definir seu posicionamento no pleito de 2016.

Além do histórico de derrotas na cidade e do desgaste sofrido pelo PT no comando do governo federal há 12 anos, pesa na decisão a clássica rejeição ao partido em São Caetano. Essa repulsa ficou novamente evidente na corrida presidencial do ano passado, quando o partido registrou na cidade seu pior desempenho na região. No primeiro turno, o senador mineiro Aécio Neves (PSDB) obteve 60,05% dos votos válidos na cidade. No embate direto com a presidente Dilma Rousseff (PT), o tucano foi lembrado por 78,29% dos eleitores são-caetanenses. (JC) 




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