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Região tem 40 mil árvores para podar
Por Bruna Gonçalves
Do Diário do Grande ABC
13/06/2011 | 07:07
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O Grande ABC tem 40 mil árvores que apresentam risco para a rede elétrica. Enquanto aguardam poda, elas podem comprometer o fornecimento de energia, principalmente em períodos de chuvas e de ventania.

O levantamento foi feito pela AES Eletropaulo junto às prefeituras da região. Os municípios apontaram 65 mil árvores em conflito; dessas, 25 mil já foram podadas no primeiro semestre e as demais passarão por manutenção até o fim do ano. O investimento da concessionária é de R$ 3 milhões.

Em 2010, a região registrou queda de 1.005 árvores. Neste ano já foram 388. Na terça-feira, rajadas de vento de até 80 km/h provocaram queda de energia em todo Grande ABC. São Caetano ficou às escuras. Em Santo André, bairros permaneceram até 50 horas sem eletricidade. Em São Bernardo e Diadema, as prefeituras tiveram de dispensar funcionários pela falta de luz e pela demora no restabelecimento. Ao todo, a região registrou 171 ocorrências - a maioria foram chamados de moradores reclamando da queda de árvores.

O professor de Biologia da Universidade Federal do ABC Ricardo Augusto Lombello explicou que os vegetais precisam ser podados uma vez por ano, mas é preciso cuidado. "Geralmente as podas são feitas do lado do passeio público, residência, prédio ou construção. Por isso, a estrutura da árvore fica desequilibrada, mais propensa a cair em períodos de chuva e vento", ressaltou Lombello.

O especialista afirmou que sempre haverá conflito entre fiação e as árvores. "Não houve planejamento. Onde existe fiação, não deveria ter árvore. Quando aconteceu a instalação, muitos não imaginariam que um arbusto fosse crescer tanto", disse Lombello.

Prefeituras

As administrações públicas informaram que realizam anualmente a poda, além de vistoria, e frisaram que os moradores também podem solicitar os serviços.

Em São Caetano, levantamento apontou que das 22.217 árvores plantadas nas vias públicas, 8.799 estão em conflito com a rede. Dessas, 4.610 ameaçam a fiação e os endereços já foram informados à AES Eletropaulo, que é a responsável. As demais atrapalham calçadas, muros e telhados.

A Prefeitura não descarta a remoção ou substituição dos vegetais, mas disse que primeiro serão feitas poda e manutenção.

Morador não consegue sair de casa em dia de chuva

Há dez anos o técnico de refrigeração Clodomiro Carneiro Galácio, 67 anos, torce para que o período de chuvas passe logo. Basta cair uma gota para que o portão de sua casa comece a dar choque. Para ele, o motivo é a árvore em frente à residência que está encostada na rede elétrica da Rua Santa Joana D'Arc, no Jardim Ipanema, em Santo André.

Galácio contou que na terça-feira, quando choveu forte na região, foi impossível sair de casa. "Alguns galhos caíram e isso fez com que ficássemos sem energia das 18h às 23h", explicou o morador, que já fez dez pedidos para a Prefeitura e para a AES Eletropaulo, cobrando providências.

"A Defesa Civil já veio aqui, fotografou, mas até agora nada foi feito. Tenho dois portões e um deles não consigo abrir totalmente, porque a árvore levantou a calçada. Além disso, minha filha que acorda cedo para ir à escola quando está chovendo não consegue sair", relatou o técnico, que mora com a esposa e as filhas de 16 e 22 anos.

Na noite de sexta-feira, após contato da equipe do Diário, uma equipe da AES Eletropaulo esteve na casa de Clodomiro. "Disseram que o trabalho é da Prefeitura, que precisa remover a árvore, cheia de cupim com risco de cair", contou Galácio. A Prefeitura de Santo André não comentou o assunto.

Especialistas explicaram ser possível que a árvore cause transtornos, como o registrado pela família do Jardim Ipanema. "É preciso fazer análise do local, mas um galho, por exemplo, pode bater ou encostar na fiação, dar curto-circuito e ir para a terra. Como o local vai estar úmido e o portão deve estar próximo, a corrente pode chegar até a estrutura metálica", sustentou o professor de Engenharia Elétrica da FEI (Fundação Educacional Inaciana) Reinaldo Lopes.

Instalar rede subterrânea é solução

O professor do curso de Engenharia Elétrica da FEI Reinaldo Lopes apontou solução para que a população não seja mais prejudicada com a falta de energia: a instalação de rede subterrânea, como em Brasília. "Os sistemas elétricos possuem dispositivos de proteção. Em situação de grandes danos - como ventos, chuvas ou quedas de galhos e árvores - o sistema se autodesliga", explicou o professor.

Na rede aérea, o religamento é feito manualmente, além dos reparos. "É preciso ter equipes de prontidão para que, em casos de chuva forte ou ventanias, os moradores não sejam tão prejudicados."

Estudos mostram que para mudar a rede elétrica de São Paulo seriam necessários 24 anos, além de grande investimento. "O mesmo se aplicaria ao Grande ABC. Por isso, a instalação de cabo-guarda, cabo de aço que faz a sustentação e proteção, seria a solução para evitar danos com queda de galhos", explicou Lopes.

O diretor da regional Oeste e ABC da AES Eletropaulo Charles Capdeville informou que serão investidos cerca de R$10 milhões para a troca da rede por modelo compacto. "Serão cabos cobertos que protegem os fios contra as quedas de galho e vão evitar danos a população", garantiu.




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