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Série de escândalos derruba Cleuza da Pasta de Educação

Ré em ação civil pública por desvio de recursos e formação de quadrilha é demitida em S.Bernardo; vereador Paulo Dias assume

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
06/06/2015 | 07:00
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Nário Barbosa/DGABC


Personagem central do maior escândalo do governo de Luiz Marinho (PT) em São Bernardo, Cleuza Repulho (PT) foi demitida da Secretaria de Educação. Ela, que estava desde o início da gestão petista, será substituída pelo vereador Paulo Dias (PT), que assume a função dentro de duas semanas.

Cleuza é ré em ação civil pública ajuizada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) ABC, acusada de desvio de recursos públicos e formação de quadrilha. Segundo promotores, ela participou de esquema que superfaturou em pelo menos R$ 4 milhões compra de tênis e mochilas a alunos da rede pública. O Ministério Público chegou até a pedir prisão preventiva dela, o que foi negado em primeiro momento. O processo tramita no Fórum de São Bernardo.

A decisão de tirar Cleuza do governo foi tomada por Marinho em maio do ano passado, conforme antecipou o Diário. O prefeito, porém, esperou baixar a poeira em torno de Cleuza para efetuar a decisão. Ele comunicou a secretária e Paulo Dias há 15 dias e pediu para ambos montarem equipe de transição na Pasta.

O nome de Paulo Dias era defendido pela bancada do PT, que, em 2014, pediu ao prefeito que demitisse Cleuza. Muitos reclamavam que a manutenção da petista no primeiro escalão trazia desgaste político aos vereadores, já que, no epicentro de denúncias de corrupção, Cleuza não era vista em eventos públicos na cidade.

A última grande polêmica envolvendo Cleuza foi o corte da merenda escolar. Alegando utilizar plano de redução de índices de obesidade no sistema municipal, a secretária capitaneou a redução alimentar: quem estudava de manhã não tinha mais à disposição café da manhã; o almoço foi cancelado a quem frequentava as aulas à tarde.

Cleuza sustentou a medida, a despeito de fortes críticas internas, inclusive da primeira-dama e secretária Planejamento e Orçamento Participativo, Nilza de Oliveira (PT). A titular de Educação foi perdendo a queda de braço aos poucos, já que a merenda voltou a ser oferecida a escolas no pós-Balsa.

PEDIDO DE PRISÃO
Cleuza responde a ação civil pública ao lado de mais 19 pessoas, entre elas funcionários do Paço de sua confiança. Entre as acusações estão formação de quadrilha, uso de documentação falsificada, dispensa ilegal de licitação, abertura de possibilidade de modificação de contrato sem autorização e peculato (apropriação indébita de dinheiro público).

Investigação do Gaeco mostrou que empresas que concorriam ao contrato de fornecimento de tênis e mochilas à Prefeitura de São Bernardo combinaram anteriormente os preços praticados, com anuência de servidores ligados a Cleuza. Houve comprovação que o material adquirido em São Bernardo custava muito mais do que Santos, por exemplo.

Com autorização de Cleuza, responsáveis pela licitação inverteram o edital e colocaram critérios subjetivos como determinantes para a escolha da vencedora, burlando, assim, a concorrência.

Novo secretário se esquiva sobre polêmica da antecessora

Vereador em segundo mandato, Paulo Dias (PT) evitou comentar os problemas e processos aos quais a secretária de Educação de São Bernardo, Cleuza Repulho (PT), enfrenta na Justiça. Segundo o petista, ele precisará de tempo para analisar todos os pontos da Pasta, que tem orçamento estimado em R$ 844 milhões.

“Muito difícil eu dizer qualquer coisa sem estar lá. É uma secretaria muito complexa. Preciso de tempo para ver tudo”, afirmou o futuro secretário de Educação, sem dizer se vai retomar a merenda integral na rede pública.

Ele classificou o convite do prefeito Luiz Marinho (PT) como o de “maior responsabilidade” da carreira política, pois também terá de lidar com 95 mil estudantes. Paulo Dias comentou que equipe de transição será instituída.

“Minha principal meta é manter a qualidade da Educação de São Bernardo. Quero promover o diálogo com agentes da Educação, mas também com a sociedade civil, as entidades. Evidentemente que será desafio neste momento de baixa econômica. O trabalho será intenso”, adiantou.

Paulo Dias foi eleito pela primeira vez em 2008, com 4.890 votos. Em 2012, reeleito com 5.384 adesões. Tem histórico político com o meio sindical: foi diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, quando se aproximou de Marinho.

Ele será o terceiro vereador do PT em mandato chamado por Marinho para compor o secretariado. Na primeira gestão, o prefeito convidou Toninho da Lanchonete para ocupar a Pasta de Obras e José Ferreira para Desenvolvimento Social e Cidadania. “O relacionamento do prefeito Marinho com a bancada sempre foi de muito respeito e harmonia, com tranquilidade”, declarou Paulo Dias, desmentindo mal-estar entre a bancada governista e o chefe do Executivo.

Quem assume a vaga de Paulo Dias na Câmara é Matias Fiúza, primeiro suplente do PT e que atualmente exerce função de subprefeito do Grande Alvarenga e que foi vereador até 2008. Não há indicação do novo subprefeito.
 




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